Ainda o velho e violento esporte bretão
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Que teria sido inventado na China. Isto é história. E muitos bons
escritores se preocuparam com o futebol e alguns dele o viveram e com
méritos. Comecemos por quem escreveu futebol, só que não viveu dele,
José Lins do Rego, idem Nelson Rodrigues. E sem pretender esgotar
assunto, cito os que fizeram crônica futebol de alto nível, Mário
Filho, Armando Nogueira, João Saldanha, Tostão e ultimamente Paulo
Cezar Caju ensaia. Deixei muitos de fora, sei. E nos microfones
esportivos temos também gente nova e de valor, valendo exemplificar
com Álvaro Oliveira Filho e Carlos Eduardo Éboli e com menção especial
ao Professor Evaldo José e seu implicante que lindo. Meu time toma um
gol e o locutor grita que lindo. TÁ bem, todo o gol é lindo! Das
antigas dá para citar o Apolinho e seus dois excelentes bordões, que
já foram incorporados ao idioma, pinto no lixo e geraldinos (o
progresso os matou) e arquibaldos. E o futebol toma o mundo e carreia
milhões e milhões de dólares, jogadores promessas valem milhões e há
empresários que matam até carreiras de meninos despreparados e são
permanentes e interessados apenas em lucros desconselheiros atuantes.
Esqueçamos o Uruguai e os 7 a 1. Páginas viradas e com a ajuda de
Tite, Neymar, Gabriel Jesus e Cia na vitória olímpica, muito menos
comemorada que devia. Da antiga nomenclatura e que os netos gozam,
cito, keeper, gol keeper, back, forward, coorner, half, half back, off
side e banheira. Volante era um argentino, que jogava como volante e
se não inventou a posição, deu nome a ela. E como os há botinudos nas
defesas. E vou me fixar em “vilões” sofredores em meio a vitoriosos do
futebol. Há salários astronômicos e até no Brasil, em função do pouco
que jogam. Voltam alguns das europas, em fim de carreira, ainda
conseguem bons contratos e tome chinelinho. Passemos aos ditos vilões
do espetáculo. O goleiro, onde atua, difícil crescer grama. Vem
fazendo defesas incríveis e eis que vem bola com efeito, ou bate em
montinho artilheiro, ou em outro jogador e a bola entra, oh! Frango, o
time perde e gritam frangueiro, vendido, incompetente e a doce senhora
que vê TV, para ver o filho fechar o gol, entra na história. Que dizer
da mãe do juiz? Mesmo com o auxílio de assistentes, câmeras, há que
interpretar lances em segundos, repito, segundos, intenções, mão na
bola, ou bola na mão, falta, fingimento de falta e alguns jogadores
são artistas, enfim um aperreio constante e nem sei por que se quer
ser juiz de futebol. Os outros ainda podem encher a burra, juiz de
futebol não. E os bancários? Fui bancário nos dois sentidos.
Funcionário concursado da Caixa Econômica Federal e bancário porque
comecei no banco, isto é, reserva, no basquetebol juvenil da
Associação Atlética do Grajaú. Treinar a semana inteira, vestir o
uniforme e não jogar, jogos e jogos. Depois pelo Grajaú Tênis Clube
cheguei à seleção juvenil de basquetebol do Rio de Janeiro e ficava
com pena dos bancários, que além de tudo são gozados pelos que jogam.
Isto é ruim com amadores. Imagine-se profissional, querendo e
precisando mostrar jogo e ficar no banco, sempre se julgando
injustiçado pelo técnico, que dá preferência a outro jogador. Sua
carreira, seus dinheiros, os contratos, talvez para a Europa, dependem
de jogar e mostrar-se. Pobre técnico (alguns escalam mal e pior
substituem – ontem assisti na TV um Fla Flu e Abelão perdeu o jogo,
(foi 3 a 3, mas o empate deu seguimento ao Fla na Copa), com
substituições indefensáveis e ganhávamos de 3 a 1 ), só pode escalar
onze e, às vezes, substituir um jogador, que também se julga
injustiçado e a mudança se dá sob estrondosa vaia. _ Burrooo, burrooo.
Pobres técnicos, chamados até de gozação de professores. Com clima e
rancores sempre lida e tome entrevistas com perguntinhas tipo casca de
banana. Oto Glória, técnico brasileiro com mais sucessos em Portugal,
dizia que, se o time ganhar, o treinador será considerado bestial,
perdendo uma besta. E se ouve muito, treinou mal, escalou mal,
substitui mal, perdeu, é um idiota. Imagine-se trabalhar com vinte
oito jogadores, só poder escalar onze e apaziguar dezessete e mais a
Diretoria, que culpa técnico e o troca, para acalmar torcedores,
alguns torcedores profissionais e a imprensa, que muito imprensa
treinadores, precisa de furos. Tite agora vem se saindo muito bem.
Oremos! Uma divagação, o vitorioso e mais calmo técnico da seleção
feminina de vôlei, José Roberto Guimarães, como deve sofrer com
algumas belas moçoilas, que querem aparecer e são bancárias! Enfim
quem sofre mais, juiz, bancário, goleiro, treinador, ou as respectivas
progenitoras? Cartas à redação
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Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
(15 de novembro 2017)
CooJornal nº 1.053
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco
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