15/07/2017
Ano 20 - Número 1.037
ARQUIVO
PEDRO FRANCO
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Amizades partidas
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Se o amor é dos sentimentos o
rei, a amizade não lhe fica atrás, é rainha. E já houve rainhas mais
valiosas que reis. Já nesta tribuna abordei o assunto amizade, tanto devo
ao sentimento e logo aos amigos. Naquela data não falei em amizades
partidas e sim nas vigentes. Portanto é salto no ar falar nas amizades
partidas e até muitas nunca foram amizades. Já pedi licença à amiga poeta
Ângela Togeiro, que manda e prende literariamente em Belzonte, para usar
poesia de sua lavra em peça teatral e recebi a permissão. Contando de novo
com sua benevolência repito a mesma, que mostra poeticamente a amizade.
“Um amigo“ ...um amigo é terno afeto,/ multiplicando a irmandade;/ é real
fraternidade/ pelo seu porte discreto;/ é o que escuta com bondade/ e
aconselha sem vaidade,/ é da paz o mais completo/ sentimento da verdade,/
é da vida o predileto... “. Vale dizer que o título amigo tem ganho uso
indevido, isto é, fugazes conhecidos recebem o indevido título de amigo.
Fernando Brant e Milton Nascimento recomendam que os amigos sejam
guardados no lado esquerdo do peito. E durante vida inteira esta galeria é
povoada por poucos retratos de amigos e a dos conhecidos enche salas,
mesmo que tenham sido frutos de momentos não tristes. Enfim amigos ficam e
os conhecidos passam ao largo de sentimentos profundos e arraigados. E
chego às amizades partidas, lamentavelmente partidas. Destas tenho poucas,
ainda que lamentavelmente tenha. Amizades devem ser regadas de alguma
forma e mesmo quando este cuidado não foi tomado, os verdadeiros amigos
não requerem regador, ou esguicho. Tempo e distância não contribuem para
arrefecimentos. E eis que se percebe que um amigo saiu de foco. Sendo mais
preciso, percebo que eu amigo saí do foco dele. Fiz algo que não agradou e
fui cortado. Cheguei, pois, à amizade partida e sei a causa. Pisei na
bola, sei e então vou explicar, pedir desculpas, remediar, se for
possível. Se acho que nada fiz de equivocado, nada a fazer e apenas ver
que a amizade era tênue e uma simples discordância, que nem sei qual foi,
levou à rotura. Imagine-se afastar por ideia política antagônica e ainda
mais no Brasil 2017! Vou ao cerne da crônica, talvez pessoal demais, ainda
que do pessoal muitos podem passá-la para o particular. Alguém se afastou
e você não viu motivo, enfatizo, motivo nenhum. Por amizade se tenta o
contato e nada. Reinveste-se na tentativa e do outro lado mutismo, de voz,
e.mail, cartas, via amigos comuns e nada. Que fazer? Tirar o quadro da
galeria, esperando voltar a pôr de novo, ainda que sem muitas esperanças.
Quem sabe se lendo a crônica põe a carapuça e me pergunta por que fiz o
que não sei que fiz, ou disseram que fiz, como mandava nossa amizade? Foi
impressão minha, a amizade não foi partida, melhor ainda. Graças, tudo
como dantes no quartel de Abrantes! Quem sabe se o (a) gentil leitor (a)
não tem alguma pendência semelhante e usa as “mal traçadas linhas” para
reaver a amizade. Tente e tento. Espero que tenhamos sucesso, já que
amizades são joias raras, cada vez mais raríssimas na vida de cada um,
tais os atropelos do cotidiano.
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Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
(15 de julho 2017)
CooJornal nº 1.037
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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