01/03/2017
Ano 20 - Número 1.019
ARQUIVO
PEDRO FRANCO
Venha nos
visitar no Facebook
|
Apenas uma ideia
|
|
Tive uma ideia daquelas que talvez fossem mais úteis, se ficassem
comigo. Só que cronistas têm que escrever. Antes da “genial” ideia, mais
suposição, pois, carece de embasamento, uma pergunta. A Humanidade
evoluiu? Parece-me que as populações, em geral, vivem melhor hoje que há
cem anos. E a África? Avanços médicos para a maioria, índice de
sobrevivência maior, na maioria dos países etc. E os problemas do planeta?
Vão mal, que o bicho homem está danando tudo e mais ainda os que dirigem
países desenvolvidos, vide o trágico exemplo Trump. Como se vota mal! Já
leram os ibopes da vida em relação às votações para o próximo presidente
Brasil? De chorar lágrimas de esguicho, como classificava Nelson
Rodrigues. Só que não me sentei a digitar para falar do Trump, do Putin,
nem dos políticos brasileiro e nem dos eleitores brasileiros. Digito para
falar da ideia, mais suposição e é até possível que haja algum estudo
sério, abordando o assunto e eu esteja comendo mosca. Parêntese, que dará
engulho em alguns. Ouvi na CBN, sábado, ou domingo, 11 ou 12 de fevereiro
deste ano da graça do calorão, que a ONU julga que a ingestão de insetos
possa ajudar a matar a fome no mundo. E o pesquisador falou sem alardes,
ou ficção, em farinhas de barata, fato que talvez ate mexesse com Kafka.
Idem de moscas. Deixemos insetos de lado e voltemos ao bicho homem e ao
bicho mulher (muito mais bonito), para sermos politicamente corretos. O
tal do politicamente correto está a sair em chatice de cuia, prima do
chato de galocha. Não pode isto, não pode aquilo, vamos bloquear a marcha
de Lamartine Babo, Monteiro Lobato era racista, fulano é machista, enfim
de cuia e galocha. A tal ideia, demorada a vir à tona, talvez por medo de
pedradas, apareceu quando julguei uma frase porreta e lhe dava como autor
o dramaturgo inglês J. B. Priestley, “tudo vai bem, quando termina bem”.
Por sorte fui ao atual pai dos burros, no caso o Google, que me mostrou
que se Priestley (1894 – 1984) a usou, se deve a William Shakespeare (1564
– 1616) sua criação. Ou foi divulgação? Já se questionou até que o bardo
WS tivesse existido, fato que hoje está comprovado, existiu e com obra de
relevo. De quando em quando percebemos que vultos passados fazem falta e
muito e a eles temos que recorrer para alívio e consolo. Noutro dia me
deparei com trecho de Eça de Queiroz, que caia como luva no Brasil atual e
no qual o autor luso descia a relha no Portugal do seu tempo. Tenho a
impressão, enfim vem a tal ideia, que a mente humana em geral progrediu,
só que gênios se tornaram mais raros. Quando todos formos robôs então!
Haverá questionamentos sobre a impressão e gênios cibernéticos serão
apontados. Foi Bernardo de Chartres quem, no século XII, disse que somos
anões encarapitados em ombros de gigantes. Ainda há gigantes a elevar
alguém? Foi só uma ideia, sujeita a chuvas e trovoadas.
_______________________________
Comentários sobre o texto podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
(01 de março, 2017)
CooJornal nº 1.019
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco
Direitos reservados. É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação,
eletrônico ou impresso, sem autorização do autor.
|
|