15/10/2016
Ano 20 - Número 1.002
ARQUIVO
PEDRO FRANCO
Venha nos
visitar no Facebook
|
Magna preocupação
|
|
“Está na hora desta gente bronzeada mostrar seu valor”, da música “Brasil
Pandeiro”, de Assis Valente.
Qualquer cidadão vive cercado de preocupações, é conclusão acaciana.
Algumas são de ordem pessoal e apenas ouvidos amigos de certos familiares
e de determinados amigos terão paciência para ouvir as lamúrias e
apresentar conselhos. Frase deletéria afirma que se conselho fosse bom,
não se dava, vendia-se. Acreditar nela é levar a condição humana ao mais
baixo patamar e a uma mercantilidade inaceitável. Conselho interessado,
que procura solução para problema de parente, ou amigo, deve ser acolhido
e, se não seguido, valorizado como prova de profundo interesse e afeto.
Quando dei título à crônica não estava me posicionando em relação às
preocupações pessoais, que se avolumam nestes tempos de penúria,
destemperos e corrupções por que passamos no Brasil, 2016. Vemos filme com
muitos bandidos e raros mocinhos por quem torcer. Parecerá então que minha
preocupação maior é com os políticos? Não, em maioria são irrecuperáveis.
A magna se destina aos jovens e de todos os sexos, categorias sociais,
ricos, pão com manteiga, pobres, ou paupérrimos. E por que não retira os
mais abastados de suas preocupações? Por que condutas estereotipadas e com
propensão ao equívoco estão também nestes jovens. Parêntese. Não vou cair
em generalizações, ainda que em geral os desvios de conduta se apresentem
na maioria dos jovens das cinco categorias citadas. Com a internet e os
meios de computação os jovens vencedores contaminam mais facilmente os em
volta. Modismos de toda espécie põem antolhos nos jovens olhos, não os
deixando perceber os reais valores a perseguir. Crônica, a seguir na senda
trilhada (senda trilhada é dose!), pode enveredar para o chover no
molhado, mofo ideológico, palavras vãs e demagogias. Então, palavra muito
usada por jovens, começando entrevista, então vamos exemplificar com o
foco das minhas preocupações. Por dever de profissão lido com professores,
em maioria professoras. E fui no século passado professor. Algumas
pacientes de longo prazo e em meio aos seus achaques cardiológicos,
acompanho suas carreiras, ao tempo que aplaudo idealismos. E algumas, por
não mais poderem ensinar, informar, formar, estão tirando seus valorosos
times de campo e com lágrimas. Está faltando respeito nas salas de aulas.
Não defendo aquele respeito antigo, com laivos hipócritas, todos os alunos
se levantavam quando o mestre adentrava à sala. Mestres não erram. Dez é
para mim, alunos no máximo nove! Respeito é uma atitude, que se consegue,
que se adquiri, quando o meio propicia. E o meio, composto por alunos,
famílias, comunidades, superiores hierárquicos destas professoras, não
contribui para que o respeito em sala de aula floresça. Os celulares foram
desvirtuados e sem uma determinada ordem de celulares desconectados aulas
não fluem. Professores perdem mais tempo tentando inutilmente ensinar e
trabalham mais na disciplina indispensável, que na arte de passar
conhecimentos e na maioria das vezes sem sucesso. E não pensem que
exagero, quando afirmo que falta respeito à professora. E muitas me avisem
e com desespero, que vão largar o magistério, tais as vicissitudes
enfrentadas e até temendo agressões físicas, que algumas já sofreram. Que
soluções proponho? Nem penso em aconselhar lavagens cerebrais, tão de
acordo com programas ditatoriais, ou criar programas específicos, quase
sempre em repartições programadas para gerar cabides de empregos, ou
fortalecer rádios e televisões oficiais, com programas enfadonhos e de
pouca valia prática. Ficamos com dantes no quartel de Abrantes? Ficaremos
sim, enquanto não pensarmos em saúde e educação. Solução confusa, aceito,
já que nas salas de aula, vimos, não há o necessário meio para a boa
educação. A Sociedade como um todo deve pensar na Educação e na Saúde, tão
apregoadas nas campanhas eleitoreiras. Afianço que sou velho, não tenho
pretensões políticas, ainda que fale em Saúde e Educação e só pretendo
procrastinar minha eleição ao Caju, pensando honesta e patrioticamente no
futuro do Brasil. Não é que parece demagogia! E tendo certeza que nenhum
grãozinho de peso coloquei com a crônica no erguimento deste prédio, que
pode ser até suntuoso para ricos e pobres, o Edifício Brasil Futuro. Vou
terminar a arenga afirmando que se o modestíssimo grão fizer alguém se
preocupar também com o problema jovens e com mais gênio que eu, dou-me por
muito bem pago. Cuidado, Sociedade! O futuro está nas mãos deles, ainda
que Wilde afirmasse que “a madureza agradece à juventude o brilho de sua
inexperiência”. Contraponho afirmando que a juventude deveria agradecer à
madureza o cuidado que teve, dando exemplos em casa e os preparando para
atingir a idade madura com sabedoria, bondade e valores éticos e morais
preservados.
_______________________________
Comentários sobre o texto podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
(15 de outubro, 2016)
CooJornal nº 1.002
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco
Direitos reservados. É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação,
eletrônico ou impresso, sem autorização do autor.
|
|