01/05/2015
Ano 18 - Número 934
ARQUIVO
PEDRO FRANCO
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Ando nos jardins da Altenhaus, já de joelho esquerdo sem menisco,
operado que fui há quatro meses. E ainda não porto a cara de fim de férias,
que as mesmas nem semana inteira ainda têm. Ipod de sempre, só usado nestas
ocasiões e na forma aleatória, isto é, para os não iniciados (que banca para
quem está apanhando muito feio de um novo iphone!), você não sabe a música que
vem a seguir e aparece outro intérprete previamente jogado na engenhoca. Neste
vou de Adamo a Moreira da Silva, De "C´est ma vie" a "Na subida do Morro". Na
não aleatória, aquele cantor, ou cantora, sempre com cuidado para não levar o
rótulo de machista, que não sou, ou creio que não sou, aquele interprete
repete-se, até que chega outro e também desfia todo seu repertório,
previamente escolhido e a meu dedo. Explicado o que todos já sabiam, ouço
Paulinho da Viola, cantando de Mestre Cartola, "Amor Proibido" e lá vem
"porque não tens pudor". Este negócio de pudor ainda existe? Até onde vai o
pudor? Que é pudor? É, talvez, uma convenção de época. Acertada por quem? E
embora goste de Cartola e muito, até pela tricolagem dele, não gosto do termo
pudor, pesado, complicado, só mais leve que seu primo, pundonor, que confesso
pensei que fosse pudonor e sem o ene. E não gostaria de pudonor, como não
gosto de pundonor, que para mim tem conotação escatológica e, por esta razão,
será deixado de lado, bem como o primo pudor. Aceitemos com licenciosidade de
Mestre Cartola, que, para não dar na vista, trocou o grená pelo rosa nas cores
da Estação Primeira de Mangueira. E vou de Nelson Rodrigues, muitos clubes têm
três cores, só o Fluminense é tricolor. Ontem foi dois a um Voltaço e como o
Cristóvão mexe mal no time, em 18/02/2015! Que saudades do Dario Conca! Volto
à caminhada e se reclamei de termos, sinto falta de outros e vêm logo minhas
saudades para ternura e sua prima a candura. Não me venham com aquela frase de
que temos que ser firmes sem perder a ternura. E o autor, todo meiguice, criou
o "el paredon" e a própria monarquia. Vou fugir de política, já que tenho
amigos que levam ideias e partidos políticos, como se fossem clubes de
futebol. Na terceirona continuei Fluminense. Se tivesse ideias, que viesse a
julgar obsoletas, largaria, mesmo sem ser a metamorfose ambulante do Raul
Seixas. Este era muito bom, ótimo mesmo, até em músicas de menor expressão.
Sempre havia um toque de genialidade. Bem que o ipod podia agora entrar com
uma Raul Seixas. Dei uma parada, olhei o relógio e entra Amelinha com "Frevo
mulher" do Zé Ramalho da Paraíba. Como já se fez boa música no Brasil e para
todos os gostos. Sou ainda amarrado na bossa nova, que cismam em dizer que
morreu. De novo olho o relógio, quarenta minutos e hoje não vi jacutingas,
micos, ou esquilos, o que lamento. Ficam para a caminhada de amanhã, se Deus
quiser. Agora há interpretes de Deus, que completam e Ele vai querer. É cada
tolice!
- Comentários sobre o texto podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
(1º de maio,2015)
CooJornal nº 934
Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco
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