01/09/2014
Ano 18 - Número 905
ARQUIVO
PEDRO FRANCO
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Transcrevo Nelson Rodrigues: “O único Napoleão realizado é o Napoleão de
hospício. Ele jamais terá um Waterloo e uma Santa Helena.”
É sabido que quando apresentavam a Napoleão um general, aquele ouvia as
virtudes do militar e então perguntava. ─ Ele tem sorte? Então o grande
estrategista acreditava na sorte. E há todo um esquema que despreza a sorte
e apregoa que se pode vencer, se houver preparação, planejamento, cultura,
técnicas e táticas e então toda a vida de uma pessoa, ou empresa, ou país,
estaria fundamentada em preparações que nada têm a ver com a sorte. Tenho
amigo que não acredita nem no acaso, contrariando até uma boa letra da
música popular, “Eu e a brisa”, Johnny Alf, "que o inesperado faça uma
surpresa". Inesperado em lugar de acaso. Se acredito no estudo prévio das
situações da existência, no planejamento de uma vida, da profissão, da
família, enfim da tentativa de preparar o porvir? Acredito. Não se deixe
tudo ao acaso. É necessário ajudar a sorte, ainda que muitos tenham
tropismos existenciais em ajudar azares e estes lhe caem na cabeça. Já estou
acreditando no acaso. Vamos ao amor. Se João não tivesse frequentado a
escola A, se Maria não tivesse mudado de cidade e fosse para a mesma escola
dele, João não teria conhecido Maria, casado e fossem infelizes para o
sempre deles. Em contrapartida se outra Maria não tivesse tido um acidente
de automóvel com outro João, ambos saltaram de seus veículos danificados e
com vontade de estrangular um ao outro... Só que se olharam, acalmaram-se,
acertaram os prejuízos, foram tomar um refrigerante, em um ano estavam
casados e chegaram às bodas de ouro em bem aventurança e recíproca. Se o
acaso não tivesse propiciado a colisão, a sorte da colisão, A primeira Maria
e o primeiro João tiveram o azar de frequentar a mesma escola, conheceram-se
e ocorreu o amor, frustrado no futuro deles. Então entram a sorte e o azar.
Dirão que não há azar, pois os dois primeiros é que não perceberam que eram
despreparados. Um para o outro. E a roda das discussões pode seguir e
conceitos serão apresentados. Sem querer ser feito a antiga revista “Eu sei
tudo”, vamos ao meu “pitaco”. Tentamos ver se há acaso positivo, ou
negativo, nos exemplos e falamos em amor e alguém poderia pedir que
dissecasse o sentimento amor. Tou fora, pois não sei explicar o amor, ainda
que muito acredite nele e viva-o com intensidade e perenemente. Dei a sorte
de encontrá-la, houve mil acasos em nossa história, positivos e negativos,
tanto que ficamos ano e meio brigados, negativo e um acaso muito fortuito,
positivo e um enredo complicado nos uniu. Então houve sorte. Está
exemplificando com caso pessoal, acasos pessoais? Concordo, só que aconselho
que olhe em volta e veja o que ocorreu com os outros conviventes, com
relacionamentos raramente felizes, mostrando que há mais azares que sortes
nos ajuntamentos humanos. Como amizades são menos complicadas que amores,
temos mais sortes que azares, mais acasos positivos que negativos nelas,
amizades. E então voltamos ao velho Napoleão e sua pergunta. Estou com ele,
o general precisa ter sorte, todos devemos orar por acasos positivos, isto
é, sorte. Não é só o conhaque Napoleon que é bom, o Marechal estava com a
razão e não teve sorte no seu final, ainda que desejasse que seu general a
tivesse.
(01 de setembro/2014)
CooJornal nº 905
Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
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