25/06/2014
Ano 18 - Número 897
ARQUIVO
PEDRO FRANCO
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Os veículos impressos têm cronistas e é comum me avisarem: hoje o Fulano está
ótimo! Então o hoje dá logo uma ideia de que nem sempre o Fulano está ótimo. O
fato também ocorre com escritores de romances. Beltrano escreveu um ótimo
livro e compra-se logo o segundo livro do autor e já não foi tão bom. No
terceiro livro o escritor dos dois livros anteriores sai do rol das
preferências e é pena porque na quarta publicação voltou a fazer romance de
ótimo enredo. Por que estas sístoles de sucessos e diástoles de desnível
literário acontecem com romancistas e cronistas, especialmente estes se forem
de crônicas semanais? Diárias nem pensar. Como fazer ótima crônica por semana?
Abro parêntese para comentar Chico e suas charges em O Globo. Consegue
raramente não ser brilhante? Rarissimamente não trás muita graça à primeira
página de O Globo, de forma inspirada, poética, política, cáustica, oportuna,
tirando graça com muita verve do dia a dia. Fecho parêntese para esta exceção
e antes conto e todos já sabem, que, além de chargista emérito, tem boa voz e
já vi com Miele e Rogéria fazer show de muitas palmas. Voltemos aos cronistas
e de obras seriadas e suas dificuldades. Uma pergunta pode ser feita, sou
cronista? Em quantidade sou, em qualidade deixo dúvidas. Respondida a
pergunta, indaguei acima sobre o porquê de sístoles e diástoles e para poder
responder. Macete de discutível validade. Cronistas e escritores também, por
incrível que pareça, alimentam-se, têm famílias, obrigações, às vezes outros
encargos de trabalho, sofrem com a inflação, com as confusões da Copa, têm
amores e desamores e são profissionais. Não crônica, não reais. E se o
resfriado bateu, o cachorro adoeceu etc, tem que parir crônica, linda, mais ou
menos, ou passável. Escritores em muitas ocasiões em países civilizados levam
adiantamentos por conta do próximo bestseller e há que escrever um novo livro,
com ou sem inspiração. Alguns são tão bons que conseguem na transudação, ou
apanhando no baú ideias velhas e dando nova roupagem. Um comentário agora
sobre quem contrata cronista, ou escritores, não lhes dê tamanho, por exemplo,
da crônica. O cara de aparição semanal em jornal de grande tiragem escreveu
crônica de tantas linhas e tantos caracteres. Ótima crônica, tipo Mestre Rubem
Braga, ou Fernando Sabino, ou João Ubaldo, só que o contrato requer o dobro de
linhas e de caracteres e há que encompridar a ótima crônica, que então deixa a
classificação e cai para medíocre. Ocorre porque a diagramação deixou para
aquele contratado um determinado espaço e há que preenchê-lo. “C´est la vie”,
E como se sai neste Rio Total com crônicas semanais, agora quinzenais?
Contando com a benevolência da Editora, pois neste Coojornal há de fato
cronistas, muito me honra escrever ao lado deles e torcendo para que não
ocorram comparações. Confesso que, ao aceitar a incumbência em outubro de
2012, de escrever para o Rio Total, pensei que fosse mais fácil. O que me
salva são crônicas passadas e engavetadas, onde recolho algo, tento melhorá-lo
e... Até a próxima.
(25 de junho/2014)
CooJornal nº 897
Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
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