25/02/2014
Ano 17 - Número 881


 

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PEDRO FRANCO

 


 

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Pedro Franco



Conversas na praia

Pedro Franco - CooJornal

Do livro “Se alguém rir, paro de falar”: “Maria só não passou no teste conversa na praia. Não, não, fisicamente passou e com louvor em um biquíni amarelo. Continuou bela, com classe discreta, sem nunca ter ato, ou gesto, vulgar. Só não foi boa de conversa, como sempre era. Também pouco falou. Ficou quieta, entregue ao sol, ao mar, aos seus produtos de proteção à pele. Ninguém mantém conversa interessante na praia.” Concordo com o autor e este verão de prenúncio quente de 2014, não vai me deixa mentir, pois muitos que foram com belas às praias perceberam. Hoje, que o romantismo caiu de moda, há mais mulheres adoradoras do sol que da lua. E há as que preferem ter seu bronzeado elogiado, a seu vestido, ou seu bom gosto. Há moça, conheço, bonita, muito bonita, que vive para bronzear-se e sem correr riscos dermatológicos. Tive vontade de ensinar ao jovem, que pretendia conquistá-la, mandando uma orquídea, que deixasse a fria flor quieta no orquidário e enviasse o último creme importado de bronzeamento e proteção do belo moreno da moça. E com um simples bilhete, que diria apenas: Será que faz jus à mulher mais lindamente bronzeada que já vi? Seria conquista certa e mais acertaria se ficasse ao lado dela, quieto, falando pouco, pagando a água de coco e principalmente não procurando aferir sua intelectualidade pela conversa na praia, conversa que só evoluiria com a chegada da prima e ambas abordando curtos temas de comprovada futilidade. Afiançaria ao rapaz, a quem não dei o conselho, pois no fundo achei que não estava à altura cultural da moça e olhava-a com ar machista, que a moça rainha bronzeada conversa bem sobre vários temas, quando está longe do mar. Aqui, na areia, nos encantos do verão, na praia cheia, só soltará abobrinhas e das piores, onde a fofoca mais tola ganhará atenção especial, ainda que a atenção especial da moça esteja voltada para o rei sol. Em contrapartida e não pense que é ideia machista, o que é apenas constatação, se uma jovem abordar algo interessante neste futuro 2014 na praia, como último policial do Andrea Camilleri, ou “Da Sapucaí ao Caju”, ou crônica da Martha Medeiros, Jabor, Ubaldo, ou Tostão, ou os livros sobre o Afeganistão, destacando-se a triste história da Leila no “Livreiro de Cabul”, fuja dela. Deve ser uma chatíssima moça, que nem sabe ir à praia. Na praia vale o sol, o mar, a água de coco e apenas temas leves, tipo jogar conversa fora. Será verão, ainda vão, por total burrice, esquentar mais o planeta, acabar com muitas praias, só que estas são tristezas futuras. E baterá até uma gostosa brisa e as areias da praia não estarão contaminadas por águas poluídas, poluídas pelo homem e nem haverá os macabros, espanta turistas, arrastões. Alvíssaras, aleluia, benção lindas e bronzeadas moças, que encantam nossas praias, “em doce balanço a caminho do mar”. E como encantam! Parodiando Vinicius, que as “branquelas” me desculpem.


(25 de fevereiro/2014)
CooJornal nº 881



Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
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