05/04/2013
Ano 16 - Número 834
ARQUIVO
PEDRO FRANCO
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A banda fez dezessete anos (1996
- 2013) e três dos iniciais integrantes continuam firmes e afinados e nos dois
sentidos. E fizeram um CD pela Sony Music (1998) e, ao ver do cronista, que é
ligado emocionalmente à Trupe Limousine, já que meu filho é um dos
guitarristas da mesma, cometeu no CD um equívoco de só pôr músicas da autoria
dos componentes da Banda. Quatro dos cinco tinham músicas no CD e no geral os
componentes da Trupe são melhores músicos que compositores. Procuro ser isento
em julgamentos, mesmo quando digito para comemorar a amizade entre músicos nem
tão jovens. Poderiam ter mesclado algumas músicas próprias e outras já
consagradas e que a TL dá nova e inventiva roupagem. Lamentavelmente agora não
tocam qualquer das músicas do CD e, para exemplo, “Porque hoje é sexta-feira”
(de Hélio Tavares) e Metades (de Diniz Franco e Átila Santos) mereceriam ainda
ser tocadas e em vários shows, tão boas músicas são e quando a produção
musical do País já foi melhor. No caso parece que a TL imitou o Regulador
Xavier, o amigo de confiança da mulher, no 1 excesso (no CD), no 2 escassez
(no agora). E a banda evoluiu muito. Alguns integrantes ficaram pelo caminho e
por vários motivos. Dos iniciais Ruban Barra, teclado de ouro e autor
inclusive de “Dancing days” (com Nelson Motta), aposentou-se e mudou de
cidade. Ary Peixoto, baixo, fala-nos via Rede Globo, de várias cidades do
planeta e a banda tem pouso fixo no Rio. Elogiar o repórter televisivo é
chover no molhado! O baixo foi ocupado por Ronaldo Cintra, que faleceu e
deixou saudades, pela música e por ser quem era. O baixo então foi entregue a
Walter Vilardi, que está agora em outras e sempre muito bem, pois é excelente
baixista. A banda tem sempre baixista de realce e Celso Bollorini não deixa
nunca a TL ficar sem seu som inconfundível. Ótima aquisição! A banda, com a
saída de Ruban Barra e Ary Peixoto, reestruturou-se e Henrique Tavares, irmão
do guitarrista Hélio Tavares, o “inventor” da banda, veio dar voz à Trupe
Limousine. E que voz! Tenho visto aguentar mais de duas horas de vocal e sem
perder fôlego e eficiência. Falei nos novos e não destaquei os três que
continuam na pista e sem deixar cair o pique inicial. Vale dizer, antes de
destacar os veteranos de dezessete primaveras juntos e harmônicos, que para um
novo projeto George Harrison e são dezoito músicas do ex Beatles, um
tecladista incorporou-se à banda, Afonso Celso. Pena que foi efêmera
participação, apenas para o aplaudido projeto. Vamos aos três remanescentes e
atuais músicos. Na bateria Átila Santos, pai do João e da Manuela e que sempre
garante a cozinha da banda, com inegável vigor. Imagina-se uma banda de roque
sem um baterista de peso? João, quando tinha sete anos, já assumiu em duas ou
três músicas as baquetas do pai e de forma meritória. Manuela e sua graça,
também segue as pegadas do Atila, que trocou a raquete do tênis pela bateria
da Trupe. Deve sair extenuado, mas sabendo que fez o que os companheiros e
público esperavam da bateria. Diniz Franco é meu filho, guitarrista. Sem errar
posso dizer que cresceu musical e espetacularmente. Falando de filho, paro por
aqui nos comentários. E há frase em inglês que diz que em último e não em
último, está Hélio Tavares, que com Diniz, faz os vocais de apoio ao Henrique
Tavares. Hélio, que “bolou” a Trupe Limousine, fez a capa do CD, domina os
palcos e dá força aos demais companheiros. Mesmo que não haja espetáculo, nas
sextas-feiras a Trupe está em estúdio aprimorando-se. É Helinho e talvez nem
goste do que vou escrever, é um “show-enche-cena-man” (encher no sentido de
dar valor, vida, vigor, completar, ser único, importante e indispensável),
além de guitarrista notável. Enfatizo que as duas guitarras entrosam-se,
irmanam-se, de forma espetacular e só dois guitarristas amigos, mesmo fora das
gambiarras, podem fazer no palco o que alardeiam, sem crises de estrelismo, ou
tolas invejas. Um dando base ao outro, para apresentarem excelentes solos, dos
pontos mais destacáveis da Trupe Limousine. São músicos profissionais, os
cinco? São e não são. Explico-me, têm outras profissões e dedicam-se à banda
como profissionais. E não só em dedicação. Também em ótimo nível musical. E
vou chutar um dado; digamos que a banda tocou nestes dezessete anos oitenta
vezes. Chuto o número e não devo estar longe da verdade. Foram a estúdio para
treinar umas quinhentas vezes, pois têm a grande virtude de desejarem a
perfeição. Atingem-na? Posso dizer que muitas vezes sim. Discutem, no bom
sentido? Sim e muito. Se assim não fosse, já se teriam separado, pois das
discussões amigáveis vem à tentativa constante de aprimorar, meta pela qual
batalham e sem tréguas. A banda deu-lhes lucro financeiro? Não, estão
indelevelmente no prejuízo. Houve lucro artístico, emocional, como amigos e
pessoas. E conseguem conviver, apesar das diferenças, diferenças no sentido
profissional, extra dó-re-mi-fá-sol-lá-si-dó muito bem. Há a música a uni-los,
há a Trupe Limousine, filha dileta de cada um deles. E quem julgar esta apenas
crônica nepótica, aconselho entrar em
www.trupelimousine.com.br para ficar de acordo com o
cronista, ou não. Viram, quase não falei nas artes do filho, meu colega em
Cardiologia.
(05 de abril/2013)
CooJornal nº 834
Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
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