24/08/2012
Ano 16 - Número 801
ARQUIVO
PEDRO FRANCO
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Com iniciais desculpas pelo
título em inglês. Ontem assisti “Um divã para dois”, com Meryl Streep e Tommy
Lee Jones. O competente Steve Carrel faz um contido psiquiatra, em papel
diferente dos demais, puxados ao hilário. Um casal com trinta e um anos de
casamento, forçado pela mulher, tenta recuperar a relação. Gostei, apesar de
que a atriz não é das minhas preferências, provavelmente por minha culpa, pois
é ótima atriz. Questões de empatia talvez. E o ator não seria escolhido para
fazer a não ser filme de mocinho bandido. Vá ter rugas assim longe! Sai bem do
papel e representa mais do que esperava. E não é para fazer crítica ao filme
que digito. É fazer crítica à crítica. O bonequinho de O Globo faz a
apreciação desta forma. Bonequinho sentado: “As atuações compensam eventuais
irregularidades, como a insossa sequência final.” O filme é dirigido pelo
laureado David Frankel e quem o critica, pondo o bonequinho assistindo sem
maior interesse, provavelmente gostaria de ver o casal indo ao divórcio. Não
sou contra o final feliz, ou infeliz. Só aceito que determinados finais podem
ser felizes, ou infelizes, sempre de acordo com o desenrolar da trama. Forçar
alguns “happies ends” de Hollywood tornam os filmes tolos, não querendo isto
dizer que não possam ocorrer finais aparentemente felizes como em “Um divã
para dois”. Há críticos, talvez julgando que cada vida acaba mal, pois termina
com morte, julgue que toda fita deve deixar o espectador com dor na alma e de
vesícula contraída. Fato que aplaudo é ver no bonequinho (tenho crônica
engraçada como o bonequinho, mas fica para outra vez) determinados filmes com
críticas antagônicas sobre o mesmo filme, fato que mostra, vou ao moderninho,
pontual transparência, aplaudindo o politicamente incorreto, onde dois
críticos mostram visões absolutamente divergentes sobre o mesmo filme. O velho
da discussão nasce a luz, ou o apagão. E voltando ao filme e sua motivação. Há
velhos casais que vão sair do filme, com algumas cenas muito engraçadas e
situações que poderiam ser salgadas demais, mas transcorrendo a contento, com
reflexões sobre o próprio casamento. Se as reflexões estiverem em
cabeças/corações onde o amor subexistiu a mo-no-to-ni-a do cotidiano, o filme
pode dar uma boa balançada e trazendo autocrítica de participação a cada
cônjuge (das piores palavras da última flor do Lácio). Se o
amor/companheirismo/amizade já se foi, é capaz de ocorrer briga de sentimentos
e até acabarem no advogado especializado no antes meu bem e no fim meus bens.
Casamento é das relações humanas a mais complicada e, se há amor, continua a
ocorrer esplendorosa esperança.
(24 de agosto/2012)
CooJornal nº 801
Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
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