03/08/2012
Ano 16 - Número 798
ARQUIVO
PEDRO FRANCO
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Pedro Franco
Crônica para puxar discussões,
ou tomar partido
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Nada a ver com partido político e
faço esta afirmativa com pena. Era ótimo termos partidos com ideias e poder
defendê-los, apoiá-los, vivenciá-los. No caso da crônica o tomar partido é
escolher e exemplifico. Estou na beira de campo de pelada, deste de várzea,
dois times de pernas de paus, de camisas diferentes e nem sei o nome dos
mesmos. Por um motivo qualquer em cinco minutos estou torcendo por um deles.
Não seria defeito ver só o jogo, apreciar esforço e “pixotadas”. Não, tenho
que escolher e torcer, enfim participar. Às vezes com razões, outras vezes
sem. Vamos a exemplo e sabendo que vou contrariar muitos com minhas escolhas e
até os daqui de casa. Paula ou Hortência? Paula e vale logo dizer que julguei
sempre Hortência excelente jogadora e vibrei quando pôs suas mãos no “hall” da
fama do basquetebol. Castilho ou Rivelino. Castilho. Telê ou Rivelino. Telê.
Pelé ou Garrincha? Exceção e apenas em ordem alfabética, Garrincha, Pelé e
Tostão (estou correndo atrás de um filme com a vida de Tostão, onde seu
espetacular e inteligente futebol era mostrado. Quem souber, por favor,
avise-me, pois quero mostrar a filho e netos). Fla ou Flu. “Fascina pela sua
disciplina, o Fluminense me domina”. Sou do tempo do Nelson Rodrigues em mesa
redonda com João Saldanha, Armando Nogueira e outros menos votados. Eça ou
Machado? Empate. Jorge Amado ou Saramago. Amado. Messi ou Neymar? Messi.
Drummond ou Quintana? Quintana (com esta escolha muitas casas vão me cair na
cabeça). Renoir ou Van Gogh. Renoir. Conan Doyle ou Georges Simenon. Em cima
do muro com Sherlock Holmes e Jules Maigret na proa. Nada a ver com literatura
“noir policial americana, bem como efeitos especiais no cinema e viva Woody
Allen e Amacord de Fellini. Brigitte Bardot ou Marilyn Monroe. Marilyn. Sofia
Loren ou Gina Lollobrigida. Viva a segunda, sem desprezar a primeira (piadinha
chula inclusa). Sônia Braga de Gabriela ou Juliana Paes de Gabriela. La Braga.
Ah a cena de subir no telhado! Piquet ou Senna. Senna. Monteiro Lobato ou
Irmãos Grimm. Lobatíssimo de Pedrinho e Narizinho, mais até do que da Emília.
Rubem Fonseca ou Dalton Trevisan. Fonseca. Fernanda Montenegro ou alguma outra
atriz. Fernanda. Bernardinho ou José Roberto. José Roberto, quando não dá uma
de Bernardinho na beira da quadra. Joyce ou Dickens. Dickens das “Aventuras do
Sr. Pickwick” e seu personagem Sam Weller. Zico ou Gerson. Zizinho. Ângela
Maria ou Elizeth. Elizeth. Elis ou. Elis. E por aí vai.
Se cada um se der ao trabalho, por esta ou aquela razão, vai ver que, mesmo
sem querer, tem preferências, algumas até de cunho freudiano, ou baseado em
algo do passado, da infância, ou nuance da personalidade do escolhido. Pior é
que a vida passa e alguns escolhidos caem do cavalo. Por falar em cavalo. Luiz
Rigoni ou Oswaldo Ulloa. No meu tempo de turfe, Ulloa. Olhando para trás e
conhecendo o tango “Da-lhe Rigoni”, mudo de ideia, ainda que Rigoni não
montasse os cavalos do Stud Lineu de Paula Machado, por quem torcia e sim
Ulloa. Quiproquó ou Tiroleza. O tordinho. Abelão ou Felipão. Nenhum dos dois e
fico com Telê Santana, O Fio de Esperança! E o Mano Menezes, a ver. Frio ou
calor. Nem frio, nem calor e meu bairro de escolha e sempre moradia, Grajaú,
tem a seguinte característica, o Pico do Papagaio, ou que nome tenha a pedra
enorme, faz o bairro ficar quente no verão e frio no inverno. Leblon/Ipanema
ou Barra da Tijuca/Recreio dos Bandeirantes. Leblon/Ipanema. Tijuca ou Grajaú.
Grajaú. Atlética do Grajaú (hoje, que tolice, trocaram o nome do clube, que
passou a ser Grajaú Country Clube) ou Grajaú Tênis Clube. Joguei basquetebol
pelos dois, mas sou Atlética, ou era. Música tipo Cole Porter ou bossa nova.
Bossa nova e sempre nova e mais Chico e Milton Nascimento/Brant. Pagode ou
funk. `Tou fora e cito para não os deixar de fora da crônica musical, Zé
Ramalho, Tim Maia, Raul Seixas e Jorge Bem (nada de Benjor, nada de mudar
nome. Já reclamei no caso da troca de nome de clube do meu bairro),
Vinicius/Tom, Calcanhoto Partimpim. E não é que fiquei às vezes em cima do
muro, ou não tomei partido. Preparem-se, além das atuais Olimpíadas Londrinas,
vem o julgamento do Mensalão, onde o STJ vai dizer, ou berrar, ou nos fazer
chorar, se não disser ao que veio, ou porque existe! Com a palavra em relação
às escolhas, certezas, dúvidas, tolices, acertos, os mais importantes sempre,
os leitores.
(03 de agosto/2012)
CooJornal nº 798
Pedro Franco é médico cardiologista,
contista, cronista, autor teatral
pdaf35@gmail.com
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