Antigos caminhos poéticos, vou cativando lembranças de inesperados
pisares de vida: NUNCA SE ESTÁ SÓ: De repente/a carta inesperada./E uma
letra esquecida numa terra já bem longe/ressuscitou:/a saudade sempre
nos trai.//Instante feliz,/o da certeza de ser amado,/O da certeza de
que em algum lugar/um vulto se delineará na curva da estrada.//Amiga ou
amigo,/(Talvez o único...)/e nos oferecerá os braços vazios/para
aquecê-los com os nossos,/para brincarmos/e recordarmos/a ciranda desta
vida/longa...e triste.//ATRÁS DO MURO: Indiferentes às estações,/as
folhas tombam./Sempre.../E se parecem com os homens/ que a vida se
esqueceu/depois de moldá-los em seus fortes abraços//Há uma tristeza que
se apega aos meus gestos/e faz sangrar meu azul interior/na descoberta
súbita de se estar só./É inverno no corpo/ por não ter onde se
aconchegar./Em volta,/geradas na neblina densa,/vejo mãos/muitas
mãos,/enormes e nítidas:/as direitas, plenas de ofertas,/ as esquerdas,
de injustiças plenas.//As folhas caíram neste justo instante/e ninguém
se integrou no momento triste:/ninguém as comparou à humanidade.../Só
eu/que fiquei no espaço/perdi-me no tempo e na eternidade/e não sei com
quem estou,/e para onde vou...// INCERTEZA: Tenho medo:/tem a forma de
bruma espessa/o dia de amanhã./...É sempre incerto.// Receio:/o portão
não mais gemendo ante meus passos,/nem teus abraços/ansiando o veludo
dos meus afagos./Negando a despedida,/teus lábios/dos meus beijos ternos
fugindo.//Ah...nós dois deixando de ser meninos!/(Ocultando os
corações)/ A angústia, lenta, se insinuando/nas nossas dúvidas./Pretexto
para o fim,/surgindo,/crescendo...//
LEMBRANÇA Hoje, pela manhã,
dançou um raio de sol em minha janela (de ponta a ponta). Como,
naquele todo momento Você
era forma em meu pensamento, ele
lhe pertence apaixonadamente, antes que venham definitivos prantos
de saudade, / que são chuvas inevitáveis de um outono de amor...
(in O ARAUTO< Cachoeiro, ES).
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miltonxili@hotmail.com
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