Estou em Vila Isabel, meu
carioca bairro amado. Venho pela comprida rua Justiniano da Rocha, viro à
esquerda, meu destino é a Visconde de Abaeté, caminho diário para a Heber de
Bôscoli, lá na subida da montanha, onde minha primeira residência foi
construída.
Surpreso, sou alcançado por três colegas-amigos lá da
ioga hermogeneana da rua Uruguaiana, centro da cidade. Estavam à procura de
uma parada para preencherem o vazio dos estômagos. Só dois deles “veganos”
convictos, o outro, apenas teimoso. E eu, embarcaria com a maioria que se
fizesse.
Lembrei-me, então, de uma pequena pensão instalada num
prédio de apartamentos que talvez pudesse atender às opções. Espaço muito
apertado, a dona se esforçava para se adaptar aos pedidos. Mal ou bem,
vieram...
Saímos, depois: um deles precisava estar no seu escritório
de arquitetura, foi-se logo. O outro resolveu recolher-se ao seu apartamento
de Laranjeiras, onde, nos seus silêncios, exercitava as cores da sua variada
e bela pintura. O terceiro tinha programado uma visita ao filho, lá no
bairro do Grajaú.
Retorno, agora, ao meu apartamento e agilizo meu
computador para completar um artigo literário destinado ao site da simpática
e competente escritora Irene Serra, intitulado RIO TOTAL, com prazos
quinzenais rigorosos de publicação.
Pensamentos em espirais me
invadem aí, eu me lembro que dois destes amigos já poderiam ser chamados de
“saudosos”, porque já tinham embarcado para outras dimensões. Aflijo-me:
como, se estiveram comigo há pouco?
Me desperto, finalmente... o
lindo céu azul se debruça através da janela, o sol já está esquentando
minhas pernas de dorminhoco.
E vou para um canto pouco iluminado da
sala, me concentro, me abandono em orações pela alma de cada um. (Hábito
implantado pela família quando ocorria um sonhado reaparecimento de alguém
querido, já falecido). Amém!
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miltonxili@hotmail.com
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