De repente, o imenso raio singra sobre os mares do céu, clareia seu próprio
caminho, não respeita as nuvens, cai tão longe, em visualização detalhista
impossível. Como num filme de ficção científica, ele vai paralisando as
pessoas em que toca. Encontro o Roberto e o Erasmo Carlos eternamente
sentados à beira do caminho, ofereço-lhes carona para o infinito que ando
planejando para mim mesmo: desaparecer. Eles estão confusos, nem se identificam direito, nem sabem onde
estão:
- “Preciso acabar logo com
isso... Preciso lembrar que eu existo...” - vivem repetindo essas suas
queixas e dúvidas, e as vão
cantarolando...
Enquanto isto, as notícias vêm emboladas com as de muitas
mortes neste planeta perdido.
Ironicamente, os repórteres nos
informam que a transmissão das imagens se faz... “AO VIVO”. Repito: como? AO
VIVO? E também acho que o vocábulo morte deveria ser substituído por “vidas
perdidas”, ou seja, partiram nossos irmãos em Cristo porque não foram
atendidos a tempo pelos atuais controladores dos nossos recursos sanitários!
E mais, curioso... não foram publicadas, até agora, estatísticas sobre
quantas crianças nasceram neste mesmo período pandêmico! Preciso sair,
busco a rua, então. Logo rapidamente, retorno, porque li na vitrine de uma
das lojas um enorme cartaz-chamariz de “Compram-se antiguidades”, e eu, aqui
entre nós, por coincidência, após os 80 anos, estou com o meu “prazo de
validade” a se extinguir! Sossega leão, pelo menos por enquanto – me
censuro.
Paralisia infinita em todos; um amplo deserto de medos e
indecisões... está se consolidando.
Agora, um festival de seringas e
agulhas se oferece, ameaçador, num mundo de muitos machucados joelhos em
súplicas! Esperas angustiantes por horizontes sem mistérios...
O
nosso milagroso Instituto Butantan, nessa altura, só nos faz lembrar as
danças e folguedos folclóricos de Parintins, parece-nos até, com respeito às
tradições, que vão criar, agora, a Turma do “B(oi)tantan”!..., com este nome
e tudo que tiver direito.
Neste exato momento os alunos de uma escola
pública de Brasília vão perdendo sua força vocal e pulmonar ao tentarem
recantar o Ou(virus) do Ipiranga do nosso Hino Maior.
E, por falar em
Brasília e sua permanente exibição paisagística no panorama das más notícias
originárias de lá e de Brasis distantes, está condenada, de tanta repetição,
a um longo cansaço visual, abrindo futuro ostracismo de um jejum turístico,
talvez já sem verbas ou iniciativas simpáticas dos seus órgãos oficiais
de... desgoverno!
Enfim, nas minhas pausas de esperanças, quietamente
vou repaginar e acreditar nos inteligentes e corajosos ensinamentos da
oração de Santa Tereza D`Ávila. (“Nada te perturbe, nada te espante! Tudo
passa. A paciência tudo alcança...” Nada me perturbe. Nada me espante. “A
quem tem Deus, nada falta. Só Deus basta!”).
E depois abraçar (com
máscara, claro!) os Roberto e Erasmo Carlos, fortalecendo-lhes a busca do
significado do “Procuro acabar logo com isto” e do “Procuro saber se
existo..."
Enfim, oportuna e definitiva pergunta, até hoje sem resposta
plausível: o promíscuo mercado chinês de WUHAM, paraíso-depósito das tais
comidas exóticas e... talvez mortais, já foi demolido?
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miltonxili@hotmail.com
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