...em que frequentei aulas de
datilografia com D.Olga Braga (particularmente) e com D.Ucha (escola situada
na rua D.Joana); em que os meninos se distraíam com bolas de gude, piões,
bilboquês, piorras, ioiôs, jogo de porcas (tempos de chuva), “papagaios” e
as improvisadas “peladas”; as meninas, com brincadeiras de inspirações
domésticas, bonequices, correrias (pique-esconde), chicote queimado,
amarelinhas, teatrinhos etc ; em que os amiguinhos mais pobres sempre nos
presenteavam, nos aniversários, com sabonetes, estrategicamente acobertados
(e valorizados) com papéis coloridos; em que era moda cortar o cabelo “à
Príncipe Danilo”; em que muitos meninos passaram pela moda de usar calças
com suspensórios; em que, nas vazantes do rio, era costumeiro a gente saltar
de pedra em pedra e chegar à ilhota defronte, onde, colhendo bolebas de
mamona (pequenas frutas), se iniciava uma batalha de arremessos; debaixo das
pedras, também se procurava camarões e pequenas lagostas; em que os
funerais/enterros eram realizados através das ruas, com acompanhamento à pé,
caixão lá na frente abrindo o cortejo, rumo ao único cemitério, com uma
paradinha breve na Matriz para as últimas bençãos, enquanto nas calçadas as
pessoas se postavam respeitosamente, os homens até tirando os chapéus, as
mulheres se benzendo; em que o campo de tênis do Semprini, lá na rua D.
Fernando, era a alegria dos simpatizantes do esporte nos domingos, pela
manhã, e nas quartas-feiras, à noite; em que, nos carnavais, os bonecos
patrocinados pelo Clube Cruzador Brasileiro, a imensa Babiana entre eles,
saiam da rua Nova e D. Fernando (dos Semprini, seus criadores), rumo ao
desfile na praça principal, Jerônimo Monteiro; em que, na Sexta-feira da
Paixão, o silêncio no ar e o comedimento nos gestos eram cultivados, só se
ouviam músicas suaves, a maioria clássicas, e alguns homens procuravam, até,
não fazer a barba; em que se realizava, na Semana Santa, a procissão do
Encontro, em que a imagem de Nosso Senhor dos Passos saía da então Matriz de
São Pedro (hoje Senhor dos Passos) na rua Don Fernando) e a da Nossa Senhora
das Dores, lá da igreja de Santo Antonio (Guandu) e se encontravam na praça
Jerônimo Monteiro, local também, do incentivo e entusiasmo de oradores
sacros, geralmente vindos de outras paróquias maiores; em que fomos
coroinhas nas missas e outras cerimônias, além de “apóstolos” num lava-pés;
em que no catecismo nossas vozes entoavam, entre outros cânticos, que “O meu
coração é só de Jesus/ a minha alegria é a Santa Cruz// Eu confio em Nosso
Senhor, com fé, esperança e amor!”; em que as festas juninas eram
particulares e públicas, avançando na noite com seus vários divertimentos,
entre danças e fogos de artifício (busca-pés, foguetes, rojões, bombinhas e
bombas) saltos sobre a fogueira, caminhadas sobre brasas.
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