... em que
os motores dos dentistas que acionavam as brocas de obturações eram
estimulados através de pedais, como os do consultório do Dr. Cornélio
situado na galeria do Hotel Itabira, onde, aliás, ficava o único elevador da
cidade; e também, mais tarde, nos consultórios do Dr. Athayr Cagnin e do
Dr.Wilson Resende; em que as liquidações, nas vendas de tecidos patrocinadas
pela Casa Franklin, lá na rua Bernardo Horta, ressuscitavam o instinto
guerreiro das mulheres consumidoras, em busca das melhores peças; em que,
durante certo período, o Café Campeão disputava com o Café Guandu o espaço
comercial e houve até, em certa época, concurso para quem conseguisse o
maior número de invólucros usados para serem trocados por outros, novos,
acompanhados de mais um, como brinde, cheio de café; em que certas padarias
incentivavam o consumo de sorvetes marcando internamente o pauzinho do
picolé, para dar direito, a quem o descobrisse, ao recebimento gratuito de
outro; em que se contemplava chegar, lá nas montanhas do lado sul, entre
Bahiminas e Sumaré, o tranquilo trenzinho da Estrada de Ferro Itapemirim
proveniente da praia de Marataizes, mas que, aos domingos se agitava, com um
povaréu aboletado até nos tetos dos vagões, e que, também, durante a semana,
premiava nossos colegiais, ao final da viagem, com a primeira visão daquele
“rio” muito mais imenso: o verde e castanho mar; em que, na viagem deste
trenzinho, ele parava na estação Paineiras e o maquinista aguardava os
passageiros avançarem nas quentes espigas de milho, pamonhas e pedaços de
canas de açúcar vendidos pelos agricultores, para, só depois, prosseguir com
a viagem, depois de provocar um exagerado “apito” da máquina; em que a
alegre criançada recepcionava e acompanhava, pelas ruas, os atores e animais
dos circos (Garcia, Irmãos Bartolo, Tihanny e outros) que chegavam e,
depois, nos espetáculos, admirava a habilidade e perícia dos equilibristas,
inclusive nas motocicletas do “Globo da Morte” a atuação dos animais, e ria
das trapalhadas dos palhaços, e, alguns circos, para agradar aos adultos,
encenavam peças de teatro (A cabana do Pai Tomás, O Ébrio, Coração Materno,
e outras muitas que, no momento, não me recordo). .
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