16/07/2019
Ano 22 - Número 1.133
ARQUIVO
MILTON XIMENES
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Milton Ximenes Lima
Fundo de Gaveta Aprendizes dos volantes
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Primeiras rodagens: Na verdade, podia acontecer em qualquer
parte do mundo, mas meu teimoso conterrâneo me afirmou que os fatos
realmente ocorreram, mas há muito tempo...
De repente, ilustre
personalidade da cidade, já os primeiros cabelos brancos sendo notados,
sentiu lampejos para realizar sonho acalentado desde a mocidade: a de
dominar perfeitamente a direção de um automóvel. Não hesitou, e, na
primeira oportunidade, intencionalmente meio escondido de conhecidos,
matriculou-se num curso longe do centro da cidade. A partir de então
conheceu muitas ruas e praças de bairros, e pequenas estradas. Mas de uma
coisa não poderia escapar um dia: o de um teste quase final nas
ruas-ladeiras Barão de Itapemirim (íngreme tortura) e Costa Pereira
(suportável). O instrutor, considerando sua avançada idade, escolheu a
última e, bem defronte ao Caçadores Carnavalescos Clube, lhe cantava
sucessivas ordens:
–
Dê a primeira!... Dê a marcha à ré! Encoste na
calçada!
Silencioso, mas tenso, o discípulo a tudo fielmente acatava. E
súbito, o pedido, no final do teste:
–
Pare o carro, Doutor! Isso!...
Agora, saia devagarinho!
O “aluno”, então, sem o menor constrangimento,
desligou o motor, abriu a porta à sua esquerda, botou os pés para fora do
veículo e o abandonou... tranquilamente! Marataizes, uma:
Um belo
sol despontando lá para os horizontes do leste, o grupo de quatro amigos
se movimentava. Amontoava anzóis, iscas, latas, cordas, balaios, garrafas
de cachaça, e, após se despedir das respectivas esposas, buscou o fim de
semana no então balneário principal dos cachoeirenses. Foi no regresso
que, já distante da praia e um pouco “tocados”, notaram a ausência de um
deles. Regressaram apavorados, e foram, de Marataízes à Barra do
Itapemirim perguntando angustiadamente pelo desaparecido:
–
Vocês viram
Fulano?
A resposta era mesmíssima:
–
Ué, Tava com vocês!
–
Pôxa,
meu Deus, não é possível! Onde aquele merda se escondeu? – queixava-se o
líder do grupo.
Até que, exaustos, ouviram aquela voz sonolenta lá na
parte de trás da Kombi, no meio dos cobertores de viagem:
–
Já chegaram?
(Sopapos, porradas e palavrões).
Marataízes, duas:
Este mesmo grupo
nos permite outra narrativa, quando regressava da praia, castigado por
forte chuva e sobre profundas camadas de lama, (o asfalto era promessa),
e, ainda, a escuridão da noite ameaçadoramente se anunciando. Como sempre,
fortemente lubrificado pelas inseparáveis “caninhas”. A caminho de
Cachoeiro, o veículo derrapou “feio”. Saltaram todos os companheiros de
viagem e, depois de muitos e demorados esforços no atoleiro, conseguiram
se safar e retornar à trilha mais segura da estrada.
Qual não foi a
surpresa dos pescadores beberrões ao se virem, decorrido um bom tempo,
novamente em... Marataizes! Com a derrapagem, invertera-se a o
trajeto/sentido da Kombi e eles, nem aí para o equívoco!
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Milton Ximenes é cronista, contista e poeta
RJ
Email: miltonxili@hotmail.com
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Milton Ximenes Lima
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