16/06/2019
Ano 22 - Número 1.129
ARQUIVO
MILTON XIMENES
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Milton Ximenes Lima
Festa de Cachoeiro de
Itapemirim
Meditações à margem de um tempo querido e perdido |
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Foto Margaret Maciel Zampirolli
Ela sabe que as imagens de Cachoeiro de Itapemirim sempre acariciam
saudosas lembranças deste filho há muito ausente. Por isso me remete,
quando pode, via e.mail, fotografias da cidade, por ela mesmo apreendidas
e captadas, diurnas ou noturnas, nestas, então, com a bela iluminação da
imponente Catedral em destaque.
Ela tem no sangue a herança também
cultural do pai, autor do festejado “Voltando ao Cachoeiro Antigo” um
livro revelador de muitos episódios que construíram nossas histórias
políticas e sociais, o professor Manoel Gonçalves Maciel, cujos cem anos
de nascimento é agora recordado por familiares, amigos e ex-alunos.
Grato, Margaret, pelos sentimentos conterrâneos que você assim me
ofereceu e oferece.
E, aqui entre nós, o livro dele, ao lado do
“Cachoeiro, uma história de lutas”, do meu amigo Evandro Moreira, deveria
ser forte inspiração para a concepção de matéria-roteiro obrigatória no
currículo de História das nossas escolas municipais.
Faz-se
necessário reavivar nas mentes dos nossos escolares, imediata e
constantemente, a grandeza das iniciativas de nossos antepassados que,
inclusive, vieram a permitir as transformações que culminaram com o
prestígio atual da cidade, em todos os campos do seu desenvolvimento:
naturais, políticos, empresariais, sociais e culturais.
Da cultura
se falando, principalmente da literária, é preciso revolver ainda muitas
coisas e trazê-las, também, às lembranças dos mais jovens. São necessárias
a criação e a divulgação constantes de um sentimento de admiração perene
pelos nossos prolíferos intelectuais d´antanho. Onde os novos Benjamim
Silva, João Motta, Newton Braga, Solimar de Oliveira, Nordestino Filho,
Evandro Moreira e muitos tantos outros, para pincelarem nossos corações
com a beleza das suas poesias? E também, os fabricantes das crônicas
saborosas e esquecidas? É preciso, urgentemente, criar e recriar essas
memórias...
Para muitíssimos, hoje o Itabira é apenas uma pedra e o
Frade e Freira, um adereço. O Itapemirim é um simples rio perdido e
espremido entre o norte e o sul das nossas ruas e avenidas. Todos são
hoje, a um simples olhar, sem compromissos emocionais, apenas marcos com
cheiros geográficos, não estão merecendo mais as belas inspirações
românticas dos nossos grandes poetas. Já estão a caminho do esquecimento
emocional dos habitantes da nossa imaginária aldeia.
Chegará um dia
em que estranharemos a nossa cidade, não mais a reconheceremos, ficaremos
terrivelmente sozinhos, perdidos por suas ruas, praças, morros que tanto
embalaram nossos pés-menino(a)s e juvenis.
Melhor dizendo:
ficaremos órfãos, profundamente órfãos. E o que falar em relação à dor dos
que deixaram a cidade por vários motivos, mas cativando interna e
eternamente nos seus peitos as raízes sentimentais cachoeirenses? E a
daqueles que, alegres, ainda improvisam festas em lugares estrangeiros,
para rememorar a sincera saudade da terra natal?
Evitemos, com
urgência, essa escuridão de sentimentos, meus irmãos de nascença.
Em março de 2017 a escritora ítalo-brasileira Isa Colli, nascida em
Presidente Kennedy e residente em Bruxelas, Bélgica, já nos chamava a
atenção em seu artigo “Cachoeiro, capital secreta do mundo”:
“Se
bem, eu não escolhi Cachoeiro, foi Cachoeiro que me escolheu, assim como
tantas outras cidades por onde passei. Aos filhos de berço eu faço um
pedido, respeitem esta terra. Entendam que para que as coisas aconteçam, o
povo precisa lutar – nada surgirá apenas da boa vontade. Mas cachoeirense
é gente que tem um histórico de luta, de garra, de solidariedade, que
precisa ser mantido. Respeitem este patrimônio – seja ele histórico,
natural e principalmente respeitem uns aos outros, os que vêm de fora, os
de dentro, os que vêm para ficar ou a passeio”.
(*) O autor é
cachoeirense há 80 anos, e Membro Honorário da Academia Cachoeirense de
Letras.
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Nota: Quero deixar aqui expresso meus agradecimentos à acolhida do meu
nome à candidatura a Cachoeirense Ausente 2019, e ao apoio dos que então
se revelaram, aí, amigos verdadeiros: foi um grande incentivo, a melhor
coisa que poderia acontecer na minha vida. Quero também externar meus
desejos de felicidade à minha amada terra natal, que ela cresça e avance
cada vez mais no caminho do bem e do progresso. E parabéns pelo próximo
aniversário do dia 29! Vamos dar-nos as mãos: que a festa seja um
grandíssimo sucesso!
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Milton Ximenes é cronista, contista e poeta
RJ
Email: miltonxili@hotmail.com
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Milton Ximenes Lima
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