Curso da CAIXA ECONÕMICA FEDERAL na capital federal, primeiro semestre de
1980, que durou quase três meses. Só retornávamos às cidades de origem
quando autorizados. Os vindos das mais distantes sofriam restrições
(pouquíssimo tempo de lazer, maior custo das despesas do deslocamento).
Quando se aproximavam os fins de semana, surgiam expectativas no ar, se a
Administração nos liberaria, ou não. Naquela vez, porém, mais um fim de
semana com feriado próximo, ela custou a decidir, só nos liberou à última
hora. Correria. Busca do voo imediato. E para nós, do Rio, surgiu a
oportunidade de um, às 17h30 da sexta-feira, via Belo Horizonte, e, acho,
pela VARIG. Na escada de acesso à aeronave recebemos exemplares do “Jornal
do Brasil” e do “O Globo”. Nas cadeiras, pouco depois, nos ofereceram taças
de champanhe. Depois, um “farto” jantar! No trecho Belo Horizonte-Rio, outro
jantar, desta vez acondicionado em fechado bandejão, o que me permitiu
levá-lo para casa, não dava mesmo para engolir mais. Durante e depois da
viagem, o tratamento “vip” foi devidamente desvendado: havíamos embarcado no
então famoso “voo dos deputados”!
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Preocupar-se é como andar por aí com um guarda-chuva e esperando que
chova. (Anônimo)
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Em junho de 1908 o navio Kasatu Maru atracou no Brasil trazendo 781
lavradores japoneses para atuarem nas fazendas do interior paulista: os
nikkeis. Vieram mais, e hoje seus descendentes, niseis, sanseis e yonseis,
caminham por nosso território, assumindo várias atividades. No Colégio Pedro
II, segundo ano ginasial, em 1951, por um ano tivemos a presença do
simpático Mitio Miura, por cuja voz, curiosos, conheceríamos a sonoridade da
canção de ninar japonesa: “Miriscof, daro daro, daroliro.../Kikokaro daro
daro dariunga,/ ai, tunga, ai tunga, ai/ Miriscof dariunga/ kanta frau,
frau, frau...”, cuja autenticidade nunca testei, já que me lembro que o
colega era “sério” e não era conhecido como mentiroso. Quem puder, me
esclareça. Tempos depois, o Sukessa Nakau se posicionou no panorama agrícola
de Cachoeiro de Itapemirim, estacionando caminhão carregado de belos tomates
na parte sul de acesso à principal ponte da cidade sobre o rio Itapemirim,
perto da rua Vinte e Cinco de Março, e para onde acorriam os interessados.
Sucesso nas vendas. Visitei suas plantações nas terras dos Athayde, depois
do bairro Coronel Borges. Depois, sumiram, ele, a família e seus auxiliares.
No Rio, no Movimento Literário da Faculdade de Direito, conheci e admirei a
poeta Minako Otuka. Fui cliente do Dr. Masao Ono, cientista contratado da
Fiocruz, com o fim de me indicar e vender vacina para derrubar pertinaz
alergia respiratória. O casal Masanari/Selma Kuramoto, de Goiânia, GO, foi
agradável companhia, a mim e minha mulher, numa temporada em Poços de
Caldas, MG. Na CEF havia um, cujo nome me escapou à memória, que, manejando
um ábaco, apostava na velocidade dos seus dedos ao enfrentar a da máquina de
calcular elétrica, na conclusão de uma operação contábil. E ganhava! Helio
Yoshinori Taguchi, a esposa Marcia Maeda e filho, acupunturistas, me
ajudaram a espantar dores corporais. Enfim, o Dr. Mario Jinssó Minei é, até
hoje, meu otorino... Visitei também o bairro Liberdade, em São Paulo, em
festa plena num certo mês de julho... uma alegria para eles e para nós,
brasileiros, também.
Do Instituto Cultural Brasil-Japão do Rio recebemos convite para
participar das comemorações dos 110 anos da imigração japonesa no Brasil
(Grato, amigo Prof. João Baptista de Oliveira, Secretário). Escolhi uma das
cerimônias-espetáculos, realizada no dia 25 de julho de 2018 no auditório
Odylo Costa Filho da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro): a
apresentação do Ondekosa, um dos mais tradicionais e famosos grupo de taiko
(tambores) do Japão, formado em 1969, originário da ilha de Sado, situada a
35 quilômetros da ilha do Japão, e atualmente com sede na cidade de Fuji,
aos pés, mesmo, do famoso Monte Fuji. Tinham feito exibições na China,
Itália, Suiça e Alemanha. Com o acompanhamento de flautas típicas, os sons
dos tambores, em certos momentos, com elas se harmonizaram, enquanto os
homens-bailarinos agrediam os diversos tambores e, ao mesmo tempo,
executavam passos coreografados. Momentos circenses também foram
apresentados. Mais de uma hora de boa e bela curtição, que provocou
muitíssimos aplausos dos ocupantes das cadeiras do auditório/arquibancada.
As novidades artísticas da apresentação cativaram os olhos nossos,
brasileiros, e mais lhe coroaram o sucesso.
E por falar em sucesso,
eu e minha mulher nos deslocamos, anos atrás, até o Teatro Metropolitan, na
Barra da Tijuca, RJ, para apreciarmos o malabarismo e as músicas exibidas
pelo famoso músico e maestro Kitaro e seus acompanhantes. A música, mescla
suave e arrebatadora de influências orientais e ocidentais, nunca será
esquecidas por nossos ouvidos. Para isto eternizar, tenho parte da sua
coleção de vídeos.
No fim do espetáculo, consegui seu valioso
autógrafo, aposto sobre o ingresso do show, valendo-me do cartão de
identificação da guia do grupo e com a interferência, nos bastidores, do
então ator, produtor e diretor de espetáculos, Luiz Carlos MIELE
(1938/2015). Soube, um dia, que o Kitaro, antes das exibições, costuma se
reunir com seus músicos e mergulhar em preparatória meditação.
Cada
artista, pois, a seu modo e no seu mundo.