Fiquei tentado a aqui dar sequência aos
casos inicialmente postados no “Comigo mesmo” através de um novo livro que
seria intitulado “Com os outros também”, porém a amplitude da expressão
poderia excluir narrativas mais pessoais. Pensamentos e pesquisas me fizeram
simpatizar com Ac(ontem)cências, que se materializou em “Acontecências”. Não
era contemplada, porém, no aureliano Novo Dicionário da Língua Portuguesa
(1975), que insinuava a palavra “Acontecidos”, que não me satisfez, tinha
cheiro de lembranças muito e muito antigas.
A propósito, estive com
minha mulher e uma amiga, futura comadre, na saudosa Livraria Cabra Norato,
em Ipanema, no lançamento da 1ª edição do livro, no qual o autor deixou a
dedicatória : “Ao casal Milton (o do Paraiso Encontrado (grifado)) e Gloria
Ximenes, com imediata simpatia e funda gratidão”. Ass. Aurelio Buarque de
Holanda Ferreira, Rio, 11/7/75. Finalmente, eu, ex-aluno do Internato,
conhecia pessoalmente o afamado professor do Externato do Colégio Pedro II.
Em oportuna foto, eis abaixo, o momento:
Quanto à opção
para o título desta série, me desliguei quando resolvi: “Passa, tempo”.
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Vestibular (1959/60) – Com o êxito,
tínhamos que procurar o Centro Acadêmico, e, sob módica quantia, destinada
às comemorações, ser premiado, como recibo, com um diploma de Burro (estampa
do animal em destaque) e aguardar os eventos, principalmente os bailes.
Aguardei as iniciativas dos da Faculdade Nacional e a do Catete (UFRJ). Este
nos ofereceu um programa diferente, sob a proteção da Marinha Brasileira: um
passeio marítimo pela baía da Guanabara e adjacências.
Já quase ao
final, o mar resolveu se agitar, e os cautelosos marujos resolveram nos
aconselhar a abandonar as amuradas da embarcação e descer imediatamente para
o compartimento inferior, onde, após descida por íngreme escada, poderíamos
nos acomodar em longos bancos postados nas laterais do espaço local.
Neste
momento é que se destacou a bela colega, cabelos longos e louros, caprichada
maquiagem no largo rosto, saia curta, de onde saíam suas pernas curtas e
gordinhas. Parecia que nos desafiava a confirmá-la como imitação carioca da
desinibida atriz francesa Brigitte Bardot, paixão e desejo da garotada e dos
marmanjos da época, que lotavam os cinemas na esperança de que a atriz lhes
mostrasse algo a mais no seu chamativo corpo.
E, na verdade, entre
dentes, a colega, já no cursinho vestibular, era apelidada de “Brigitte”.
Então, ela chegou até o buraco em que a íngreme escada se apoiava e,
subitamente, se desequilibrou, escorregou, veio bumbumdeando cada degrau até
o chão do compartimento inferior. Sem graça ficou, mas prazerosamente foi
ajudada pelos colegas...
E, daí em diante, passou a ser conhecida
como “Meningite Cocô”.
E não “perdeu o rebolado”: ainda a descobri,
tempos depois, numas páginas de Moda da então Revista Manchete.
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miltonxili@hotmail.com
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