AINDA CINCO HISTÓRIAS
Primeira: na Revista Manchete:
Durante anos foi cronista da “Manchete”, até o dia em que o patrão Adolpho Bloch
ofereceu uma festa a Juscelino Kubitschek no Antonio’s. Na entrada do Rubem,
Adolpho exclamou: “ Olha, Presidente, chegou o maior cronista do Brasil”. Rubem
respondeu de bate-pronto; “Maior cronista do Brasil, né? Agora conta quanto você
me paga”. Foi despedido. ( Gazeta Mercantil, 10.01.2003, Álvaro Costa e Silva).
Segunda: Conversa de despedida, Affonso Romano de Sant’Anna:
Depois de falar de bem-te-vis, cheguei ao assunto da doença com Rubem. Os amigos
todos achavam que ele devia se tratar, que aquele tipo de câncer às vezes tem
cura. Falei, insisti mansamente, mas ele resistia. Alegou que poderia perder a
voz. Disse-lhe:
-Mas você nunca foi homem de falar muito, Rubem! Além do mais, você não é
cantor, é escritor. Cantor é que precisa de voz.” O Globo, 23.12.1990, “Rubem, o
passarinho.”
Terceira: “Coube a Vinicius de Morais”, (o autor de Orfeu da Conceição-inserção
minha), lançar Niemeyer no teatro. Mas a idéia propriamente é de Rubem Braga
que, há tempos, conversando com Niemeyer, insistiu para que ele se dedicasse
àquela forma artística de tanta movimentação e colorido. E o cronista ponderou:
- Suas construções são verdadeiros cenários, Niemeyer.” (O Globo de 16.05.2006,
Seção “Há 50 anos”, Segundo Caderno, pg.9).
Quarta: Crônica “O cadáver sou eu”, de Maciel de Aguiar, n’ A Gazeta, de
Vitória, e na revista Sete Dias, do Joa, de Cachoeiro: “Certa vez, Rubem
perguntou-me “quando morrer vai preferir queimar o corpo ou vai querer velório,
choradeira e sepultamento”? Mas que coisa mais sem sentido, tenho vinte e poucos
anos e nem penso nisso... Ele levantou-se, deu uma boa talagada, e disse: “Pois
quando eu morrer não quero dar trabalho, vou deixar tudo certo... cremar o corpo
e jogar as cinzas no Itapemirim, é higiênico e detesto gente chorando aos meus
ouvidos...” Dias antes (da sua morte – inserção minha) havia ido a S.Paulo,
procurando uma empresa especializada e contratado o serviço: “quero cremar um
corpo...”. Pagou e quando o atendente indagou pelo defunto, disse-lhe: - “O
cadáver sou eu... mas não espalhe que detesto ver gente chorando.”
Quinta: Artigo de Leon Konder sobre Otto Lara Rezende, transcrevendo história
contada pelo jornalista Fernando Pedreira:
Um dos interlocutores preferidos do grande conversador (Otto) era o Rubem Braga:
visitava-o quase todos os dias. Quando Rubem morreu, Otto ficou tristíssimo.
Alguns dias depois, estava em casa e viu um passarinho aparecer na janela,
insistindo em bicar o vidro. Não hesitou em interpretar o acontecimento: “É o
Rubem me chamando”. Poucas semanas mais tarde, submeteu-se a uma intervenção
cirúrgica e faleceu, ele também. (JB, Caderno B,21.12.2002).
OS FINALMENTES, AS HOMENAGENS
Cachoeiro, Teatro Municipal Rubem Braga – Foto internet
A cidade de Cachoeiro de Itapemirim, a partir de 29 de maio 2006, passou a ser
considerada a Capital Nacional da Crônica, vivenciando, a cada dois anos, a
BIENAL RUBEM BRAGA, em cinco dias de efervescência cultural, abrigando
seminários, exposições, apresentações teatrais e outras atividades,
homenageando, para sempre, o querido filho Rubem, cronista maior, cerca de
quinze mil crônicas publicadas, reconhecido como o único escritor a conquistar,
no mundo literário brasileiro, um lugar definitivo exclusivamente como cronista.
É nome de rua, de bairro, de Concurso de Crônicas da Academia Cachoeirense de
Letras, de Medalha da Câmara Municipal, do Teatro Municipal e de Lei de Apoio
Cultural (Vitória e Cachoeiro).
Metrô RJ – General Osório, Terceira Saída, com elevador para o
Mirante da Paz – foto MXL
Também, mais recentemente, em 30.06.2010, as autoridades estaduais e municipais
do Rio de Janeiro batizaram com seu nome o conjunto de construção da terceira
saída da Estação de Metrô General Osório, em Ipanema, com duas torres e
elevadores ligando a rua Barão da Torre ao Morro do Cantagalo, de onde se
identifica o apartamento de cobertura do prédio vizinho à Estação, onde o
escritor residiu.
Apartamento de cobertura onde o Cronista residiu, visto do
Mirante da Paz – foto MXL
F I M
(05 de fevereiro/2011)
CooJornal
no 721