Entre a
necessidade de ir e vir do Rio a São Paulo, por duas vezes seguidas em
curtíssimo espaço de tempo – verdadeiro jogo de pingue-pongue - tirei um tempo para um diferencial
maior: aproveitar os livros do Milton Ximenes e da Belvedere Bruno que
chegaram e nem lhes dar retorno sobre a leitura o fiz. Não é sempre que
sou assim deseducada, mas as circunstâncias se impuseram, visto
aproveitar a família reunida para festejos além de ficar sem acesso à
internet por estar em uma fazenda que captava mal os sinais do 3G.
Milton,
em ”Cantos dos meus silêncios”, me remete à infância, quando nada nos é
impossível. Sente saudades de sua terra natal, Cachoeiro de Itapemerim,
e o mesmo sinto em relação ao meu Rio tão amado e agora tão devastado,
gradeado, vizinhos que mal se cumprimentam isolados uns dos outros, amigos que não se encontram
por medo de sair à noite.
Em seu
poema 'À Elis Regina', é pungente "Ao longe,/procissão branca de
sorrisos/e braços abertos/". Sabemos quem são, mas também é como se a
Pimentinha estivesse diante de nós, a sorrir, com aquele jeito de
balançar os braços. E, logo na sequência, "no cântico dos amigos
chegados antes:/o fim do caminho.../a casa de campo.../da eternidade" a
recepção dos que já estão do lado de lá, envolvendo-a em sorrisos e
abraços. Lindo!
Conversáramos sobre Maricá e fui apreciar a lagoa de Araçatiba,
saborear um bom peixe, admirar o pôr-do-sol que tanto o encanta. Uma tarde
e tanto!
Tenho uma amiga a quem
dedico admiração especial, Arlete Reis, que também mora
em Maricá e muitas dicas me deu sobre a cidade, mas desta feita não tive
como procurá-la. Outras
ocasiões virão, com certeza.
Belvedere, entre assuntos tão variados, nos mostra um mundo de ilusões,
surpresas e
contrastes, fantasia e realidade, em seu primeiro livro solo: "Vinho
Branco".
Tive oportunidade, anteriormente, de ler várias de suas
crônicas, pois era colunista do CooJornal, e acompanho sua trajetória ascendente, o quanto vem se
dedicando à arte da escrita. A propósito, faz entrevistas primorosas,
sempre conhecedora da vida e obra do entrevistado.
Sofrida, revela
tristeza com o falecimento de Artur da Távola (aquele amigo
sempre tão presente e que continua conosco na
saudade), desabafando: 'Nunca haverá quem preencha o vazio que ele
deixou em minha vida'.
E se
supera em 'La Sebastiana', mostrando sua curiosidade ao visitar a casa
de Neruda. Pura nostalgia!
Belvedere
Bruno e Milton Ximenes, em prosa e poesia buriladas com emoção e
sensibilidade, me trouxeram momentos de encanto e prazer. É maravilhoso tê-los como amigos!