No correr da vida, as coincidências são muito mais frequentes do que em geral imaginamos. E, como em tudo, ou quase tudo, existem as boas e as más. Foi graças a elas que conheci diversas figuras marcantes e que se tornaram amigas, como também devo a elas encontros que melhor seria jamais tivessem acontecido. A coincidência de dois eventos aos quais gostaria de estar presente tem acontecido muitas vezes e isso costuma me deixar contrariado. Mas elas parecem inevitáveis e como não possuímos o dom da ubiquidade, o jeito é se conformar.

Essas observações vêm a propósito de uma carta que recebi de meu amigo Trajano Pereira da Silva, morador de Taubaté e o maior lobatiano que conheço. Homem atento e meticuloso, ele chama minha atenção para as coincidências existentes entre Monteiro Lobato, cuja obra ele conhece em detalhes, e este pobre escriba provinciano para as quais nunca havia atentado. “Veja o método mnemônico que ponho em prática para mostrar suas relações com o autor de “Urupês”:

1 – Nome completo de quatro grupos, ressaltando dois santos da Cristandade: JOSÉ BENTO Monteiro Lobato e JOSÉ Enéas Cezar ATHANÁZIO:
2 – Ambos sob o mesmo signo do zodíaco, Carneiro, portanto Arianos, uma vez que a terceira casa do zodíaco vai de 21/03 a 20/04: Enéas – 28 de março e Lobato 18 de abril:
3 – Enéas nasceu a 28 de março, Lobato casou-se a 28 de março.”

Não resta dúvida de que as coincidências são curiosas, embora aquela que seria mais importante não tenha acontecido: ter nascido com o gênio de Monteiro Lobato!

Recheando a mesma carta, Trajano me brinda com um exemplar do “Jeca Tatuzinho” em Latim, na qual recebeu o estranho nome de Joseph Dasypus. Imaginem o mísero caboclo da Mantiqueira falando no idioma de Cícero.
Foi por mera coincidência que conheci Trajano. Mas essa valeu!


(15 de setembro, 2014)
CooJornal nº 907