“Meu
lema é: a linguagem e a vida são uma coisa só.”
(João Guimarães Rosa)
UMA
BIOGRAFIA NECESSÁRIA
Em que pese a magnitude
de sua importância nas letras nacionais, João Guimarães Rosa (1908/1967)
estava pedindo um biógrafo. Ainda que tenha merecido até agora uma das maiores
fortunas críticas de nossas letras, não havia encontrado quem se abalançasse a
reconstituir passo a passo sua ativa existência e analisado em conjunto sua
produção. Para isso deve ter contribuído a grandeza da empreitada, uma vez que
rastrear os passos do mineiro que se tornou cidadão do mundo e autor de
vastíssima e complexa produção ficcional não é tarefa para qualquer e tampouco
daquelas que possam ser levadas a cabo com brevidade. Pelo contrário, exige
competência, dedicação e beneditina paciência para vasculhar papéis,
documentos, periódicos e livros, entrevistar numerosas pessoas, buscar
informações esparsas, viajar, perquirir, cheirar, apalpar e, sobretudo,
pensar. Além disso, é preciso dar vida ao biografado, sentir com ele, pulsar
nas suas lutas, comemorar nas vitórias e amargar nas derrotas. Imprimir
movimento à narrativa, evitando que se transforme em longo e tedioso
relatório, como tem acontecido com tantas. Acima de tudo, terá que conhecer a
fundo a obra do biografado, esmiuçando-a com paixão, lendo, relendo, treslendo
sem cansaço tantas vezes quantas sejam necessárias.
Esse biógrafo acabou por
surgir, em boa hora, na pessoa do escritor goiano, radicado em Brasília, Alaor
Barbosa, ficcionista, ensaísta, crítico, historiador da literatura, autor de
obras infantis e de biografias consagradas, como as que dedicou a Monteiro
Lobato e outros integrantes do “Minarete.” Com o lançamento do primeiro tomo
de “Sinfonia Minas Gerais – A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa” (LGE
Editora – Brasília – 2007 – 388 págs.) ele vem preencher uma grave lacuna de
nosso panorama literário e exibir aos leitores, de corpo inteiro, a curiosa
figura de João Guimarães Rosa, médico, diplomata, acadêmico, globe-trotter,
conferencista, poliglota e, acima de tudo, o criador apaixonado de uma
literatura que muitos consideram o momento culminante de nossas letras, com
destacada presença mundial, traduzida que tem sido para os mais importantes
idiomas. Graças ao esforço e à dedicação do goiano, o mineiro agora está ao
alcance de todos, aquela figura alta e risonha, com seus olhinhos miúdos e
riso ligeiro, ostentando a gravatinha borboleta que se tornou sua marca.
Atrevo-me a prever que com essa obra Alaor Barbosa ingressou de vez na
história literária nacional.
A GÊNESE DO LIVRO
Ao longo de sessenta
páginas introdutórias, Alaor Barbosa explica a longa e vagarosa preparação
para realizar esta obra, desde seu encontro com a literatura de Guimarães
Rosa, as relações pessoais com o escritor, as conversas com ele mantidas, as
razões e a finalidade do livro.
Essas páginas, com
bastante memorialismo, evidenciam um homem dotado de grande conhecimento e bem
preparado para a corajosa empreitada. Foi Aurélio Buarque de Hollanda quem
despertou o jovem Alaor para a obra de Guimarães Rosa no período em que ele
estudou no Rio de Janeiro. Leitor voraz, o goiano levou um choque ao contato
com os contos do mineiro. Foi o deslumbramento e, ao mesmo tempo, imenso
desafio. Penetrar naquele emaranhado de palavras estranhas, num texto
compacto, arrevesado e incomum foi um grave exercício. Desde então, na medida
em que entendia melhor, não cessou de esquadrinhar a obra roseana livro por
livro, conto por conto, linha por linha, palavra por palavra. Um mundo novo,
amplo e desconhecido se descortinava. O sertão onde se pode “torar dez, quinze
léguas sem topar com casa de morador...” (p. 25). Estava enfeitiçado, preso
para sempre, pelo visgo de Guimarães Rosa que desaguaria, de forma
irremediável, neste livro. Creio, porém, que intuía desde o início que o
futuro lhe reservava essa tarefa.
Até então, no entanto,
Guimarães Rosa constituía para ele “uma entidade quase abstrata” (p. 27), mas
alguém de suas relações afirmou que o conhecia, informando tratar-se de “homem
delicado no trato e muito macho” (loc. cit.). Assim, aos dezenove anos,
Barbosa trava relações com ele e passa a visitá-lo em seu gabinete no
Itamaraty ao longo de três anos. Amável e simpático, o escritor o recebia com
visível prazer, deixando de lado o que fazia, para longas palestras que o
goiano reteve de memória com admirável fidelidade, tal a importância que
atribuía àqueles encontros com um dos maiores ícones de nossa cultura,
privilégio só reservado a poucos. “Eu lhe julgava a vaidade natural, meio
infantil, meio brincalhona, como se ele estivesse mais posando de vaidoso do
que sendo vaidoso...’ – observou (p. 29). Quero crer que Rosa antevia no
menino o futuro estudioso de sua obra, creditando-lhe no íntimo largas
esperanças.
No aceso debate que se
trava sobre a obra roseana – numa época em que coisas assim aconteciam –
Barbosa assume desde logo a defesa do escritor. Acusavam-no de hermético,
ilegível, autor de textos impenetráveis. Diziam até que se tratava de “um
equívoco literário” e que, uma vez “traduzido” para linguagem normal, nada
restaria. Críticas conservadoras, de quem não aceitava a revolução que Rosa
fazia e que nem todos alcançavam. Como se comentou na época, a obra de Rosa
deixou tontos os analistas à antiga. O tempo, sempre sábio, sedimentou a obra
do mineiro, cada vez mais lida e apreciada em todo o mundo.
Tendo publicado, em 1981,
um livro sobre Guimarães Rosa e refletindo sobre ele, Alaor não se sentia
satisfeito e sonhava produzir obra mais ampla, de maior fôlego, ambiciosa, que
reconstituísse a vida e focalizasse a obra do mineiro. “Primeiro, decidi
abranger todos os livros de Guimarães Rosa, analisados de forma crítica
adequada e decente; em segundo lugar, ampliar a nota biográfica a ponto de
transformá-la numa condigna biografia” (p. 82). E como o sonho é o começo da
realização, arregaçou as mangas e se lançou à labuta. “Através de árduo,
penoso, quotidiano trabalho de longos meses, alcancei afinal os meus
objetivos. Posso dizer que João Guimarães Rosa tem, agora, uma biografia
exigida por sua magnitude de homem e de escritor; e a sua obra foi afinal
estudada, no seu conjunto, em livro de dimensões devidas” (loc. cit.).
FIGURAS E LUGARES
Mas o goiano é exigente,
ambiciona realizar algo grande, definitivo, incontornável. Não se limita ao
estudo livresco e parte para a pesquisa de campo, vai buscar in loco a
informação, verificar em pessoa os fatos, sentir o “clima” dos locais, falar
com as pessoas, ouvir o sotaque e as entonações, observar a paisagem e a
geografia. E as incursões pelos Gerais mineiros e goianos têm início, longas,
planejadas, acampando em incertos pousos, hospedando-se em pensões precárias e
moradas de conhecidos, tentando a todo custo trilhar os mesmos caminhos de
Rosa e de seus personagens. Procurando, de olhos bem abertos, encontrar
pessoas que inspiraram a galeria de figuras que povoam a obra do mineiro. Por
um detalhe, retornava a algum lugar, atiçando o faro desse ser raro entre nós
que é o investigador literário.
Nessas andanças encontra
o porto do rio de-Janeiro, quase na barra do São Francisco, onde Riobaldo, aos
14 anos, conhece Diadorim, e refaz num barco a trajetória de ambos. Desse
encontro Riobaldo sai impressionado e, com certeza, nele nasceu o estranho
amor que sente pelo outro. Visita Andrequicé, lugar da morada de Manuelzão,
personagem celebrizado pela mídia. Em companhia dele, já com mais de 90 anos,
tenta visitar a Fazenda da Sirga, de onde Rosa ajudara a conduzir uma boiada
até Araçaí, ao longo de onze dias, viagem que se tornou famosa e de tantas
conseqüências para a literatura dele. Conhece Zito, cozinheiro da caravana e
principal interlocutor do escritor durante a jornada. Vai a Itacambira, onde
nasceu Diadorim (Maria Deodorina Bettancourt Martins) e investiga sem sucesso
os livros da igreja em busca do batistério da moça. Trabalho meticuloso,
correndo a dedo a numerosa lista de Marias, na mesma igreja onde Riobaldo
afirmava “haver tantos mortos enterrados” (p. 73). Visita Jequitaí, terra de
Zé Bebelo, destacada figura de “Grande Sertão : Veredas.” Conhece Juca
Bananeira, amigo de infância do escritor e depois seu personagem. Vai ao
cemitério do Paredão, local em que Diadorim estaria sepultado. Faz paradas em
Brejo das Almas e Grão Mogol, trechos de sertão ainda preservados, tão
presentes no universo roseano. Muitas e muitas outras cidades, vilas,
arraiais, arruados e rios, não faltando o onipresente Urucuia e o São
Francisco (que ele chama de São Francisco) de tantas histórias e
lendas, em variados pontos de seu curso. Nas paradas, longas prosas noites a
dentro com múltiplas pessoas, extraindo informações, sorvendo a linguagem
local, sempre atento ao pensamento. E as cidades de Guimarães Rosa, começando
por Cordisburgo, visitando a casa onde nasceu e a estação ferroviária de onde
partia triste e na qual chegava de coração alvoroçado. E aquelas onde residiu,
estudou, clinicou. Tudo anotado, bem observado, fotografado. Périplos que
constituíram uma aventura literária das mais inéditas e que lhe forneceram a
visão correta da realidade onde Guimarães Rosa plantou uma das maiores obras
ficcionais de nossas letras.
Assim apetrechado, deu
início à construção. Começa a se delinear a história do grande personagem.
O GRANDE PERSONAGEM
João Guimarães Rosa
nasceu em Cordisburgo em 27 de junho de 1908, mesmo ano em que falecia Machado
de Assis. Situada no centro de Minas Gerais, na orla do antigo sertão,
Cordisburgo significa “burgo do coração” e naquela época não passava de
simples arraial cujo atrativo maior estava na Gruta do Maquiné. Observador
atento do mundo que o cercava, o menino absorvia as características daquele
meio ao mesmo tempo em que estudava com afinco, revelando desde cedo grande
facilidade para os idiomas. Fez os estudos na cidade natal e outras cidades
mineiras.
Forma-se em medicina em
dezembro de 1930, portanto com 22 anos, pela Universidade Federal de Minas
Gerais, em Belo Horizonte. Foi o orador da turma. Contemporâneo de Juscelino
Kubitschek e Pedro Nava, dos quais foi amigo, sua presença é omitida nas
memórias de ambos. Casa-se no mesmo ano com Lygia Cabral Penna e participa da
Revolução de 1930 como voluntário. Clinicou em Itaguara, onde nasceu a
primeira filha, futura escritora Vilma, e depois em Barbacena, onde participa
da Revolução Constitucionalista de 1932, desta vez formando ao lado das forças
oficiais. Nasce-lhe aí a segunda filha, Agnes. Ingressa por concurso na
Polícia Militar como capitão-médico. Estuda línguas, dominando vários idiomas
e conhecendo rudimentos de vários outros. Estuda, lê, anota.
Preparando-se em menos de
meio ano, presta concurso vestibular para a carreira diplomática no Itamaraty,
o mais difícil da época, e obtém o segundo lugar. É nomeado Cônsul de 3ª.
Classe e se transfere para o Rio de Janeiro. Até então pouco havia publicado;
sua estréia é um tanto tardia. Concorre a um concurso da Academia Brasileira
de Letras (ABL) com o livro de poesias “Magma”, obtendo o prêmio, mas a obra
só seria publicada em edição póstuma. Em outro concurso da ABL, inscreve o
volume denominado “Contos”, que depois seria “Sagarana”, mas perde para “Maria
Perigosa”, de Luís Jardim, em decisão desempatada contra ele pelo voto de
Peregrino Júnior. É interessante observar que começou como contista, em 1929,
e não se filiou ao futurismo-modernismo avassalador daqueles dias. Foi, ao
contrário, um regionalista de cunho universal e por alguns considerado
antiburguês (p. 55).
Inicia-se então a fase
internacional de sua vida. Nomeado para Hamburgo, trabalha também em Berlim
durante a II Guerra Mundial. Nesse período revelou sua grandeza ao facilitar a
saída de judeus perseguidos pelo nazismo, fato jamais esquecido pelos que o
conheceram. Vai a Portugal e à Espanha como correio diplomático e retorna ao
Brasil, em 1942, numa viagem angustiante em face de nosso rompimento com a
Alemanha. É designado, em seguida, para Bogotá, cidade sobre a qual fará
interessantes observações, e se desquita da esposa. Casa-se em Aracy Moebius
de Carvalho, que havia conhecido na Alemanha. Voltando ao Rio, publica
“Sagarana” (que significa parecido, semelhante), coletânea de contos,
provocando enorme impacto nos meios literários e abrindo um debate em torno de
sua obra que jamais cessaria. Tinha 37 anos de idade e ingressava nas letras
arrombando todas as portas. Surgem inúmeras manifestações críticas na imprensa
e recebe felicitações de Gilberto Amado. É nomeado chefe de gabinete do
ministro do Exterior. Faz viagens à Europa.
Em 1947 torna público seu
“novo estilo”, nova maneira de escrever que lhe custou ingentes estudos e
esforços. Sobre tão difícil e surpreendente metamorfose, Alaor Barbosa tece
longas considerações (p. 215). Retorna mais uma vez a Paris.
Em maio de 1952,
acontece, enfim, a grande viagem, aquela que o leva de volta às raízes e lhe
mostra outra vez o sertão por dentro. Partindo da Fazenda da Sirga, em lombo
de burro, ajuda a conduzir grande boiada até Araçaí, onde é embarcada no trem.
Tem entre os companheiros os tropeiros Manuelzão, depois transformado em
personagem, e o cozinheiro Zito, seu principal interlocutor, com quem muito
conversa, perguntando e perguntando, atento a tudo que fazia e dizia. Tem um
lápis de duas pontas e uma caderneta pendurados no pescoço e tudo vai
anotando. A viagem dura onze dias e muito influencia sua obra futura. Também a
colaboração do pai, enviando notas a observações, é contribuição importante.
1956 é o ano de ouro de
sua carreira literária. Publica “Coro de Baile” e “Grande Sertão: Veredas.” A
repercussão é intensa e ele se vê envolvido num turbilhão de elogios,
críticas, manifestações, entrevistas, cartas, reportagens e convites sem fim.
Os livros inovam em tudo, rompem as tradições e os costumes, espantam e
confundem. São algo novo e diferente. Lança em São Paulo, contando com o apoio
de Paulo Dantas.
Recebe o Prêmio Machado
de Assis, o mais importante da ABL. Em 8 de agosto de 1963 concorre pela
segunda vez à ABL na vaga de João Neves da Fontoura, seu grande amigo, e é
eleito. Tomado de pânico, arredio a tudo, temia a posse, certo de que morreria
em seguida. Vai adiando, adiando, e assim por quatro anos. Em 16 de novembro
de 1967, por fim, decide empossar-se. À solenidade comparece sua mãe, em idade
provecta, e que costumava dizer que só acreditaria nele como grande escritor
quando o visse na ABL. Também comparece o amigo Juscelino, em mau momento da
vida, perseguido pelo governo militar. Profere o discurso com firmeza, é
saudado por Afonso Arinos, o adversário que o derrotara na candidatura
anterior, em 1958. Tudo correu bem. Mas em 19 do mesmo mês e ano, três dias
depois da posse, falece de mal repentino, em sua casa, por volta das 20h.
Acontecia o que tanto temia, consternando todo o país. “Transposto para o
outro lado do mistério”, legou uma obra única em benefício da qual abriu mão
de quase tudo, colocando sua realização em primeiro lugar.
Havia chegado ao final da
carreira diplomática, como Embaixador. Suas obras haviam sido traduzidas para
diversos idiomas e se integravam ao panorama literário universal, adaptadas
para o teatro, o cinema, a televisão e a literatura infantil. Religioso, suas
cartas e outras manifestações estão impregnadas de profunda fé, o que também
ressalta da própria obra. Embora tenha vivido os três primeiros anos da
ditadura de 1964, raramente se refere ao assunto, parecendo alheio ao que
acontecia. Seus livros posteriores obtiveram sempre a melhor aceitação e sobre
ele e sua obra muitíssimo se tem escrito e falado.
OBRA ABSOLUTAMENTE
SINGULAR
Ficcionista por
excelência, Guimarães Rosa também produziu poemas, conferências, discursos,
artigos, traduções e cartas em profusão. Sua obra ficcional está contida,
basicamente, nos volumes “Sagarana” (contos), “Corpo de Baile” (ciclo de
novelas, em três volumes autônomos), “Primeiras Estórias” (contos), “Tutaméia
– Terceiras Estórias” (contos), “Estas Estórias” (contos) e “Grande Sertão:
Veredas” (romance). As segundas estórias jamais foram publicadas, talvez nem
escritas. “Tutaméia” é considerado pela crítica o livro-chave para penetrar na
sua ficção. A obra roseana vulgarizou certos personagens, como Riobaldo
Tatarana, Diadorim, Zé Bebelo, Manuelzão, Miguilim e Augusto Matraga, entre
outros tantos, que hoje habitam o universo de qualquer brasileiro
razoavelmente letrado. Também resgatou ou criou expressões que caíram no uso
público, como veredas, nonada, capeta. satanazim, sobrechamado (apelidado)
etc., além de revelar o sertão, até então ilustre desconhecido, com sua
verdadeira face. Frases suas hoje andam de boca em boca: viver é muito
perigoso; as pessoas não morrem, ficam encantadas; temor de consciência;
tucanos senhoreantes; (o campo) repondo a gente pequenino; cristão não se
concerta pela má vida levável; fulão sicrão beltrão e romão; toda saudade é
uma espécie de velhice; viver é um descuido prosseguido; o sertão é do tamanho
do mundo; um rio é sempre sem antiguidade etc. Também deixou alguns enigmas,
ao longo do texto, como fizera Machado com sua Capitu. Quebra-cabeças difíceis
de resolver.
“Grande Sertão: Veredas”
é, para mim, o ponto mais alto de sua obra. São 594 páginas inteiriças (na
primeira edição), de texto compacto, sem divisão em partes ou capítulos, nas
quais o jagunço-filósofo Riobaldo relata suas peripécias pela vastidão dos
Campos Gerais. Dezenas de personagens, centenas de episódios, incontáveis
figuras, lugares, rios, fazendas, cidades e vilas. Imaginar que tudo aquilo
foi pensado, parágrafo por parágrafo, frase por frase, vocábulo por vocábulo,
analisado, esmiuçado e sopesado é de provocar estafa. Mas a marca do talento
se fez sentir e tanto o conhecimento de nossa língua como de tantas outras
contribuiu. Acima de tudo, a imaginação fértil e sem limites.
Vão longas estas notas, é
hora de parar. Embora longas, não passam de meras notas. O importante, o
indispensável é ler o livro de Alaor Barbosa e depois, pela mão dele, afundar
nos sertões sem fim de João Guimarães Rosa.
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O livro aqui comentado foi
apreendido por ordem judicial a pedido da filha de Guimarães Rosa e até o
momento não tenho conhecimento de alguma decisão a respeito.
(24 de maio/2013)
CooJornal nº 841
Enéas Athanázio,
escritor catarinense, cidadão honorário do Piauí
e.atha@terra.com.br
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