25/04/2009
Ano 12 - Número 629
ENÉAS ATHANÁZIO
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Enéas Athanázio
A PALAVRA DO MEIO-NORTE
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Desde o distante Piauí, em pleno
Meio-Norte brasileiro, chega-me o livro “Anjo ou Demônio – 33 Homenagens”,
de autoria do escritor, acadêmico e parlamentar Homero Castelo Branco
(Edição do Autor – Teresina – 2008). Versátil e experiente, o autor já
publicou obras históricas, ficcionais, biografias, de viagens,
memorialistas e na área do historicismo religioso, revelando o homem de fé
ansioso por desvendar os mistérios espirituais que nos cercam. Neste
volume ele reúne ensaios e discursos, um dualismo de certa forma
redundante porque seus pronunciamentos são sempre estudados e
fundamentados como outros tantos ensaios. Primam pela variedade de temas e
figuras focalizados, exibindo a largueza de seus conhecimentos e de seu
relacionamento humano. Entre os discursos está “Piauiense dos Campos
Gerais Catarinenses”, com o qual me saudou na solenidade em que a
Assembléia Legislativa daquele Estado me conferiu o título de cidadão
honorário por iniciativa dele. É pena que livro assim não chegue às mãos
do grande público brasileiro, em todos os recantos do país, uma vez que a
maioria de seus assuntos e personagens é em geral desconhecida em outros
pontos, agravando a sensação de isolamento das várias regiões geográficas.
Abre o volume interessante trabalho sobre Jesus Cristo, seguindo-se outro
sobre o padre Marcos de Araújo Costa e um terceiro sobre São Thomaz More
(1478/1535), reveladores de amplos conhecimentos históricos e, ao mesmo
tempo, de suas preocupações místicas. Este último, um dos grandes
utopistas, é pouco lembrado entre nós fora do campo dos estudos
sociológicos. Canonizado pela Igreja Católica, foi proclamado o “patrono
celeste dos governantes e dos políticos”, o que lhe conferiu a tarefa nada
fácil de mantê-los dentro do redil da ética e do interesse público, ainda
mais nestes tempos de desmandos e abusos. Apesar dos obstáculos e
dificuldades, More esteve sempre acima dos interesses imediatistas,
submisso ao “primado da verdade sobre o poder”, servindo seu exemplo como
inspiração para os políticos bem intencionados e para qualquer cidadão de
bem. Sua intransigência em face da corrupção reinante só poderia levá-lo a
um trágico fim, como de fato aconteceu com sua execução em praça pública.
Seu dia festivo é comemorado em 22 de junho. Pela importância ética de seu
pensamento, More mereceria ser mais lembrado e venerado, de forma que
muito justa e oportuna foi a homenagem que lhe prestou Castelo Branco.
“Creio em Deus e no diabo, diz o autor, este, senhor dos recursos
imprevisíveis, responsável por muito desmantelo” (p. 52).
Mas o livro não fica nisso. Surgem estudos e análises sobre músicos e
compositores, personalidades daquele Estado e do País, jornalistas,
cronistas e poetas, relembranças de amigos, tipos folclóricos, réquiem ao
sociólogo Clóvis Moura e ao jurista José Lopes dos Santos, ambos meus
amigos, professores inesquecíveis, historiadores, cidadãos de outras
regiões que para lá se transferiram e deram sua contribuição, todos
merecendo páginas de sentido reconhecimento e informações biográficas que
registram eventos importantes de suas vidas. Fecha o volume longo capítulo
de apontamentos históricos. Através desse vasto leque de assuntos tratados
muito vem a público sobre a região, o Estado e o Brasil. É um compêndio de
ensinamentos expostos de forma agradável à leitura e escritos de maneira
elegante e correta.
(Contatos: Rua São Pedro, 3 3 0 4 – 6400l-360 – Teresina/PI).
(25 de abril/2009)
CooJornal no 629
Enéas Athanázio,
jurista e escritor
e.atha@terra.com.br
Balneário Camboriú - SC
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