18/04/2009
Ano 12 - Número 628
ENÉAS ATHANÁZIO
ARQUIVO
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Enéas Athanázio
O ARTICULISMO CULTURAL DE M. PAULO NUNES
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Tanto a crônica como o
artigo, em regra, têm como suporte a página do jornal ou da revista.
Podem, mais tarde, ocupar espaços de livros, o que é mais ou menos comum,
embora não sejam eles seu destinatário original. E, no entanto, a crônica
é um gênero literário, ao passo que o artigo não. Com efeito, dentre os
gêneros literários em prosa os teóricos excluem o artigo. Hênio Tavares,
por exemplo, para citar um autor didático, arrola o romance, a novela, o
conto, a crônica, a anedota, a fábula, o apólogo e a parábola.
Quanto ao artigo, costuma ser definido como gênero jornalístico, a exemplo
do editorial, da reportagem, da entrevista etc. Os manuais de redação de
grandes órgãos de imprensa costumam defini-lo, com ligeiras variações,
como “gênero jornalístico que traz interpretação ou opinião do autor,
sempre assinado e que pode ser escrito em primeira pessoa.”
Não significa isso que a feitura do artigo seja fácil. Também ele tem suas
regras e medidas. Costuma ser o instrumento de que jornalistas e
escritores se valem para transmitir opiniões, idéias, informações e
ensinamentos, inclusive sobre temas e obras de literatura, aonde vão
pingando noções que contribuem para a cultura em geral e a literária, em
particular. Nesta última área, não são muitos os articulistas que escrevem
e publicam com constância em todo o país. É por isso que merece atenção o
trabalho que vem fazendo nesse campo o professor e acadêmico piauiense M.
Paulo Nunes. Desde que o conheço e acompanhado seu trabalho – e lá vão
muitos anos – ele aparece na imprensa teresinense e de outras localidades
com uma freqüência admirável, mantendo sempre seus textos em alto nível,
seja criticando livros ou enveredando pelos caminhos da educação, tema em
que é “expert”, ou da cultura em sentido lato. É um articulismo cultural
vasto e variado, cujos textos poderiam rechear inúmeros e encorpados
volumes.
Sempre em linguagem rica e elegante, M. Paulo Nunes revela em cada novo
texto sua erudição admirável, fruto de incansáveis leituras e meditações,
a sensibilidade na abordagem dos temas e a penetração na análise de obras
alheias. Conhecedor da história e da evolução da literatura, dominou como
poucos a teoria do romance, sua técnica, escolas e tendências, e tem uma
visão abrangente, sempre atualizada, do que se produz no país e no
exterior. Como costuma dizer, é um escritor da província que se recusa a
ser provinciano. E também não perde de vista a produção de seus
conterrâneos piauienses. Quase tudo que lá é produzido passa pelo seu
crivo, numa espécie de batizado sem o qual o novo ente literário não se
integra ao conjunto. E por outro lado, mesmo sem qualquer pretensão magisterial, seus artigos guardam um quê didático, revelando, no fundo, o
professor que foi a vida inteira. Seus artigos estão sempre ensinando,
orientando e opinando para que o leitor possa se situar e tomar o caminho
correto.
M. Paulo Nunes, sem dúvida, é um dos grandes articulistas culturais do
momento e seus textos engrandecem a imprensa do Piauí.
(18 de abril/2009)
CooJornal no 628
Enéas Athanázio,
jurista e escritor
e.atha@terra.com.br
Balneário Camboriú - SC
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