"Antigamente os que assistiam ao lado dos príncipes chamavam-se
laterones. E depois, corrompendo-se este vocábulo, como afirma Marco
Varro (116 a.C. - 27 a.C.), chamaram-se
latrones.
E que
seria se assim como se corrompeu o vocábulo, se corrompessem também os que
o mesmo vocábulo significa?
O que só digo e sei, por teologia
certa, é que em qualquer parte do mundo se pode verificar o que Isaías diz
dos príncipes de Jerusalém:
Principes tui socii rurum (os teus
príncipes são companheiros dos ladrões).
E por quê?
São
companheiros dos ladrões, porque os dissimulam; são companheiros dos
ladrões, porque os consentem; são companheiros dos ladrões, porque lhes
dão os postos e poderes; são companheiros dos ladrões, por que talvez os
defendem; e são finalmente seus companheiros, porque os acompanham e hão
de acompanhar ao inferno, onde os mesmos ladrões os levam consigo" (Padre
Antônio Vieira, 1608 - 1697)
Face ao notável discurso do Padre
Antônio Vieira em 1655, qualquer ilação com a atualidade brasileira do
século XXI seria ficção ou coincidência? E diante deste
ARRASTÃO DE
TEXTOS - Ficção de Verdade(s), que poderia dizer mais o autor ao
leitor? Visto que, no Brasil, ficção e realidade se misturam, amalgamam e
coincidem em quaisquer quadrantes, foros e circunstâncias sociais, morais,
políticas, jurídicas e econômicas, o leitor destas páginas, seja agnóstico
ou religioso, tenha ou não fé nisso e naquilo, poderá, talvez, refugiar-se no ceticismo de José Saramago: "Enfim, Deus saberá".
J.L.E.E. - Um dos fantasmas que coabitam e arrastam o autor.
Texto arrastado do livro "ARRASTÃO DE TEXTOS - Ficção de
Verdade(s)",
publicado pela 7Letras Editora/RJ
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carlostrigueiro28@gmail.com
Carlos Trigueiro é escritor
e poeta
Pós-graduado em "Disciplinas Bancárias".
Prêmio Malba Tahan (1999), categoria contos, da Academia Carioca de Letras/União Brasileira de Escritores para “O Livro dos Ciúmes” (Editora Record), bem como o Prêmio Adonias Filho (2000), categoria romance, para “O Livro dos Desmandamentos” (Editora Bertrand Brasil).
RJ
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