15/07/2016
Ano 20 - Número 992


 

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BRUNO KAMPEL

 

 
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Bruno Kampel



TOMOGRAFIA DIGITALIZADA DE UM BECO SEM SAÍDA CHAMADO BRASIL

 

Bruno Kampel, colunista - CooJornal

Não há nenhum projeto de Igualdade sobrevoando as areias de Ipanema, nem exemplos de Justiça transitando paulistanas avenidas ou habitando faustosíssimas mansões.

Não há salários dignos nos haveres de quase todos os que ensinam, ainda que haja muita vontade de aprender em quase todos os que estudam.

Não há nem que seja uma minúscula amostra de esperança nas manchetes dos jornais escritos e falados, nem consignas e promessas verdadeiras no dizer e no fazer daqueles que governam ou que sonham com faze-lo.

Não há nada que não seja melhorável na conduta e nos atos dos que puxam o coreto, nem proposta nem programa que ajude a trocar os arquitetos da baderna.

Neste atual estado de coisas do dar e receber da corrupção, e da falsidade dos que dizem mas não fazem, e do governar mesquinhamente em causa própria, não há nenhuma chance de um Brasil que erradique tudo isso, nem que neve no Amazonas ou que o ganso cante um samba.

Não há honestidade nos que gerem os dinheiros dos que pagam seus impostos, nem naqueles responsáveis de cuidar que os culpados dos desvios sejam presos e punidos com dureza.

Não, não há. E isso ocorre porque nós, o tal do povo, povinho, povão, ou como prefiram, torcedores, contribuintes, clientes, eleitores, pacientes, forças populares, humanoides, brasileiros, que só queremos viver e conviver em paz sem que nos mintam, sem que nos embrulhem, sem que nos enganem, sem que nos roubem, sem que nos manipulem, sem que nos coisifiquem, sem que nos humilhem, sem que nos condenem a tudo isso e a mais ainda, ante as possíveis opções de que dispomos para dizer chega a essa triste e injusta senzala em que o Brasil foi transformado - onde os senhores de escravos sentam no Planalto e adjacências e nas duas casas do Congresso e nas mais altas instâncias da Justiça - o que fazemos é voltar a tropeçar na mesma pedra reincidindo nos erros tantas vezes cometidos, escolhendo políticos historicamente desonestos e calando ante os conchavos para escolher os juízes do agrado dos senhores da senzala.

Sim, enquanto esse seja o diagnóstico continuaremos a padecer o mesmo mal que adoenta o Brasil desde os tempos do Império, já que sem a aplicação dos antídotos mais do que conhecidos e indicados para erradicar essas patologias - nunca usados até hoje – o Brasil jamais sairá do estado social comatoso em que se encontra.

Refiro-me à roubalheira institucionalizada e protegida; ao desrespeito ao espírito da lei por aqueles encarregados de garantir que seja respeitado; à corrupção vertical de cima para baixo cada vez mais descarada e ilimitada; à improbidade administrativa como condição indispensável para ser nomeado e investido no cargo que abre as portas do Tesouro para uso e abuso em causa própria, e tantas outras que seria redundante menciona-las.

Tenho certeza de que há muitos pensando que uma vez conhecido o POR QUE desse flagelo, tenha finalmente chegado a hora de procurar e encontrar e aplicar o esperado e desejado e inadiável ponto final a essa mais do que cinco vezes centenária sangria dos impostos que pagamos; a esse saqueio sistemático e sem limite das reservas monetárias que o país, ou melhor dizendo, que o povo em carne e osso sofre sem quase piar, vítima que é dos poderosos anestésicos que o Poder injeta nas veias da Nação, já se trate de uma dose cavalar de Bolsa-família, ou de um par de sensuais comprimidos da novela das nove, ou de um jogo amistoso da verde-amarela, ou de outra técnica de hipnose geral de igual ou pior teor que das antes mencionadas.

É hora de embainhar a passividade que desde tempos imemoriais comanda a nossa corriqueira forma de aceitar os fatos, e desembainhar as contas pendentes – que são tantas - com aqueles que desde as alturas do nirvana do Planalto e sucursais nos fragilizam como sociedade e nos inviabilizam como sujeitos de Direito.

É hora de deixar de votar naqueles partidos e pessoas que sabemos serem corruptos genéticos, ladrões de luvas de pelica e colarinho branco, compradores de votos e vendedores de falsas promessas de felicidade. Sim, sabemos muito bem sabido os nomes ou siglas de quase todos.

É hora de abandonar a omissão que escolhemos como modus vivendi e operandi.

É hora de tomar as rédeas do nosso destino e caminhar até ele, doa a quem doer, inaugurando de uma vez e para sempre o Brasil de todos, onde a riqueza conquistada por mérito próprio seja mais do que bem vinda; onde a pobreza seja pouca porém digna, e a miséria uma esquecida página da nossa História.
 

(15 de julho/2016)
CooJornal nº 992



Bruno Kampel  é analista político, poeta e escritor.
Suécia
bruno.kampel@gmail.com  
Blog de Bruno Kampel: http://brunokampel.blogger.com.br
Blog sobre Israel/Palestina: http://shalomshalom.blogger.com.br



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