02/10/2010
Ano 14 - Número 704

Seja um
"Amigo da Cultura"

 


ARQUIVO
BRUNO KAMPEL

 

 

 
Bruno Kampel



Eleições 2010 - A atração magnética do poder
 

O Poder é realmente sedutor. O Poder é altamente afrodisíaco. O Poder embriaga. O Poder é uma droga duríssima que gera dependência física e  psíquica. O Poder é sensual, é sexual, é erótico. O Poder. É dele e de  mais nada que se fala quando chega a hora de saber a quem caberá o  privilégio de exercê-lo.

E é nessas horas que estamos os brasileiros. Outra vez chega o momento de escolher entre o pouco e o nada; entre o ruim e o pior. E então  alguns nos perguntamos: por quê?... Por que será que passam lustros e  décadas, governos de esquerda e de direita, uma ditadura sangrenta e  opressiva, e quando chega a hora de tentar encontrar um caminho que nos  afaste dessa escuridão ética; dessa  atrofia democrática, uma e outra vez escolhemos o  atalho que nos conduz a mais escuridão e menos ética; a mais  clientelismo e menos democracia?

Tudo começa na hora de escolher os delegados que  terão a missão de peneirar para que cada partido possa oferecer o melhor  dos candidatos. Sim, é aí que a derrapagem tem início, pois a escolha  não recai no melhor, mas naquele que as instâncias do Poder partidário  impõem. Assim foi com a Dilma, e assim foi com o Serra. Nem ela nem ele  eram os preferidos do eleitorado.

Ou seja: o controle da máquina partidária substitui a vontade popular. E isso gera consequências desastrosas.

Uma vez escolhidos a dedo os candidatos, começa a segunda etapa da derrapagem: os acordos espúrios;  os conchavos denigrantes; os “toma lá dá cá” putrefatos. E então um  Indio da Costa sem fundo tem prevalência sobre um – por exemplo – Aécio  Neves. E um Temer cheirando a corrupção ocupa o lugar de um – por  exemplo – Ciro Gomes.

Feitas as duplas, começa a corrida aos mini acordos estaduais e municipais, e em cada um deles, o candidato renuncia a um pedacinho do seu ideário (sem que tal fato seja comunicado ao eleitorado) em prol do único que realmente lhes interessa:  a conquista do Poder.

E agora, olhando o panorama, vejo que sim, que há pessoas que poderiam – se fosse possível – melhorar muito todas essas falhas estruturais da democracia brasileira, mas vejo também que estão  fazendo tudo para perder essa chance.


(02 de outubro/2010)
CooJornal no 704


Bruno Kampel  é analista político, poeta e escritor.
Suécia
bruno.kampel@gmail.com  
Blog de Bruno Kampel: http://brunokampel.blogger.com.br
Blog sobre Israel/Palestina: http://shalomshalom.blogger.com.br