Bruno Kampel
SOLIDÃO EM 152 PALAVRAS. NEM
MAIS, NEM MENOS
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A solidão é a capital do silêncio e o país no qual
habitam todas as ausências. É uma cidade povoada por ruas que não se cruzam,
por esquinas que não se encontram, por nuvens que sempre chovem, por humanos
que não se entendem, por perdidos que não se acham, e sempre que nos deixamos
hipnotizar por seus mutismos definitivos e as suas respostas sem perguntas,
escorregamos nas entrelinhas da nossa angustia existencial, porque nos
transformamos num mero cenário sobre o qual o medo de ter medo de estar
sozinhos pesa mais do que o desejo de estar acompanhados; e o silêncio que nos
impede vocalizar o que pensamos e sentimos fala mais alto do que a necessidade
de esgrimir sonoramente o direito ao uso da palavra; e o temor reverencial que
o calar nos impõe é mais forte que a vontade de gritar de alegria e tremer de
emoção com o que sonhamos.
(Publicado originalmente no CooJornal, em 28/07/2007)
(1º de abril/2017)
CooJornal nº 1.023
Bruno Kampel é analista político, poeta e escritor.
Suécia
kampelbruno@gmail.com
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