O Tempo julga os fatos que o habitam
sentenciando que não é o pai da infâmia e sim o filho
Que a bomba não é a causa da desvergonha que a gera
mas o efeito do desafeto que impera
Que por trás do relógio conspiram religiões vendendo deuses sem crença e
guerras inteligentes
Que a morte alheia busca e sempre encontra a mão que a ajude a empunhar o
seu discurso
Que o gatilho sempre dispõe de um dedo que o justifique ante os santos
índices bursáteis
Que a bala voa sem contratempos e assovia o seu xeque mate vital ao desatino
que altaneiro sobrevive e soma restando
e negando
e apostando
que essa é a sua única mensagem.
As palavras emudecem ante a vitória do silêncio reverente
e a mentira – herdeira universal de todas as verdades – vocaliza a
última
palavra.
Mundo imundo. 2007.