Cidade portátil. Dois ou três quarteirões entrincheirados no útero da memória.
Um ramalhete de amigos partilhando tombos e projetos. Trinta e três parentes
povoando o subconsciente da geografia citadina. Esquinas atapetadas com
promessas que contemplam de soslaio a vida que galopa na garupa de si mesma.
Avenidas semeadas com perguntas instigantes que desprezam quase todas as
respostas. Um ar límpido ocupando militarmente os pulmões da urbe. A
felicidade ejaculando instantes nas entrelinhas do tempo. Noites de lua cheia
num céu sem culpa no cartório. Silêncios amestrados em todos os idiomas.
Esperanças florescendo e murchando em suas veias. Dias plenos de desdita e
recompensas. Poetas recitando praças abertas e jardins floridos e passarinhos
rindo e crianças gorjeando.
Cidade-gente. Cidade humana, eu.
(23 de julho/2005)
CooJornal
no 434