Jerusalém é desde sempre o ponto de encontro de todos os desencontros e o
epicentro de todas as convergências.
Transformá-la em capital de dois Estados soberanos (Israel e Palestina) não
significa renunciar à sua integridade, como sugerem os partidários do tudo
ou nada, mas muito pelo contrário.
Quanto mais a usufruam os que a querem e a respeitam, mais una e indivisível
ela será na sua essência..
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JERUSALÉM, A PLURAL
Não há pedra em Jerusalém que não carregue na memória epopéias heróicas, nem
judeu ou cristão ou muçulmano que não transporte no seu coração o palpitar
da cidade.
Não há muro em Jerusalém que não mostre no seu musgoso perfil estórias de
grandes e pequenas esperanças, de enormes e ínfimas derrotas
Não há deus ou diabo que não tenha
passeado com cobiça o seu olhar sobre a epiderme
das suas ruas e ladeiras, dos seus olivais e montanhas.
Não há céu que não inveje o firmamento sob o qual Jerusalém respira e vibra,
nem terra que não sonhe ser o chão do seu futuro.
Não há judeu ou cristão ou muçulmano ou simplesmente ser humano que não leve
tatuado nos seus genes um amanhecer ou pôr-do-sol hierosolimitano.
Não há prece que não espere ansiosamente o momento de acariciar com o seu
eco os restos imortais do Grande Templo ou as pedras do Santo Sepulcro ou a
dourada cúpula de al-Aksa.
Não há pombos nem passarinhos que não queiram aninhar nas cúpulas das suas
igrejas, nos minaretes das suas mesquitas, nos telhados das suas sinagogas.
Não há guerra que a subjugue nem ocupante que a divida, nem há Liberdade sem
Justiça, nem há Jerusalém sem Liberdade.
Jerusalém não é totalmente judia, mas é essencialmente judia. Jerusalém não
é completamente muçulmana, mas também o é. Jerusalém não é intrinsecamente
cristã, mas é plenamente cristã.
Jerusalém é síntese. Jerusalém é soma, fusão, amálgama, resumo, encontro.
(02 de julho/2005)
CooJornal
no 427