Bruno Kampel
Shalom shalom
inquisicionados,
holocausteados e genocidados
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O anti-semitismo moderno é filho
bastardo do nazismo que é pai natural do Holocausto que é filho legítimo de
Torquemada que é pai intelectual da Inquisição que é avó, mãe, filha e neta de
15 séculos de catequese cristã anti-judaica.
O cabeça rapada que hoje grita consignas anti-semitas num jogo de futebol, está
simplesmente verbalizando a carga genética de ignorância geral e ódio particular
aos “asssassinos de Cristo” que acumularam as gerações precedentes ao longo do
Tempo.
O líder que organiza partidos políticos baseados na ideologia hitlerista está
pondo em prática as diretrizes saídas durante quase dois milênios das catacumbas
vaticanas, e que durante tanto tempo foram recebidas com todas as honras nos
palácios governamentais de todos os continentes.
O governo que permite que cabeças rapadas gritem “os judeus são uns filhos da
puta” num Fla-Flu ou num Roma-Milan, ou que participe das eleições um Le Pen ou
um Fortuyn, está exercendo o famoso olhar paro o outro lado que permitiu que
Auschwitz e Treblinka e Bergen-Belsen e outros nomes que produzem calafrios,
acontecessem, mas não “existissem”, e isso enquanto o povo judeu subia feito
fumaça pelas chaminés ou morria gaseado enquanto ensaboava o corpo preparando-se
para receber o Shabat, só deixando essa ignomínia inqualificável de ser
transparente aos olhos do mundo, quando o único que restava era contabilizar os
milhões de mortos inocentes e entoar um raquítico mea culpa, na maioria dos
casos falso.
O povo que desde sempre a tudo assiste e nada faz, é o resultado dos milênios de
ignorância e versões interesseiras e proselitismo das elites moral e eticamente
corruptas, e comprometidas com a versão deturpada do novo testamento, que com as
suas homilias e discursos modularam o comportamento social das maiorias pouco
afeitas à pesquisa histórica ou totalmente despreparadas para a verificação da
fidelidade das fontes.
Não resta dúvida que uma solução definitiva só será possível quando os
responsáveis (governos, cardeais, papas, industriais do medo, fabricantes de
guerras) reconheçam que existe o problema, porque enquanto os governos e os
cardeais e os papas e os industriais do medo e os fabricantes de guerra
preferirem a demagogia aos fatos, o discurso do castigo eterno e não a
disseminação da Verdade, a força das armas e não a da razão, ou o eleitoralismo
demagógico do que o bem comum, tudo continuará como dantes no quartel de
Abrantes. E infelizmente, não vejo nenhuma luz brilhando no fim de nenhum túnel.
Torço com todas as fibras do meu judaísmo humanista para que o problema esteja
nos meus olhos cansados e não na realidade que eles contemplam.
(11 de junho/2005)
CooJornal
no 424
Bruno Kampel é analista político, poeta e
escritor.
Reside atualmente na Suécia.
bruno.kampel@gmail.com
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Blog de Bruno Kampel: http://brunokampel.blogger.com.br
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