10/09/2004
Número - 385


 
Bruno Kampel



AMIA: o veredicto

 

A notícia:
Os juizes argentinos absolveram a todos os acusados do atentado contra a AMIA em 1994.

Minha opinião:
A sentença reflete o perfil da Argentina institucional de sempre. Um “Establishment” marcadamente católico e anti-semita, por obra e graça da perniciosa influência da velha igreja católica apostólica romana (a das longas sotainas) e de uma arraigada e influente tradição germanófila que aninhou principalmente no seio das instituições militares, as quais, valha a lembrança – governaram o país durante meio século ou mais (incluindo os governos de Perón, quem vendeu 50.000 passaportes argentinos aos prófugos nazistas e aos seus familiares), e a Aliança Libertadora Nacional do famigerado Patricio Kelly, e o jornal La Nación da tradicional família Mitre, e os livros de História que contavam uma versão deturpada do passado, e os padres que nas classe de catecismo ensinavam que os judeus são os assassinos de Cristo.

Não, não fiquei surpreso com o veredicto. Teria ficado agradavelmente surpreso se ele fosse justo.



(10 de setembro/2004)
CooJornal no 385


Bruno Kampel  é analista político, poeta e escritor.
Reside atualmente na Suécia.
bkampel@home.se 
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