Bruno Kampel
SAUDADE |
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Sinto saudades do dia em que nunca nos encontramos. Sim, daquele em que
não nos vimos pela primeira vez. Desse em que nunca te tive. Daquele em
que não falaste o que eu queria ouvir. De nossa primeira noite que jamais
houve, quando deixamos de conhecer-nos biblicamente até o desmaio.
Tenho sede da noite em que nem começamos a beber-nos. Sinto fome dos
momentos em que não estávamos um no outro, devorando-nos gota a gota.
Poderia desenhar com os mínimos detalhes tudo o que não aconteceu. O amor
que não explodiu, o desejo que não cristalizou, todo esse nada que não
vivemos tão intensamente separados.
É uma saudade tão grande!... Uma saudade como se nunca tivesse acontecido.
Como este afago que não te mando, e que ainda assim nunca o receberás.
(12 de julho/2003)
CooJornal
no 323