Bruno Kampel
AUSÊNCIA
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Enquanto tua ausência diz Presente, contento-me
com beijar o teu retrato. Beijos de espera, treinando para quando o papel
vire pele e a minha solidão morra asfixiada na comissura dos teus lábios.
Enquanto teu retrato é a tua única presença, só
posso afagar tua lembrança. Afagos de espera, aguardando que a vigília
produza resultados, transformando em corpo a epiderme dos meus versos, e
em alma o solfejo dissonante dos teus beijos.
Enquanto tua presença é apenas ausência, só me
resta acariciar minha saudade. Carícias de espera, amestrando os gestos
para que saibam encontrar o caminho quando a lembrança seja apenas
lembrança, e cada afago uma oração de boas vindas.
(05 de julho/2003)
CooJornal
no 322