Bruno Kampel
OITO OU OITENTA?
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Cenário 1:
Bombardeio contundente de Bagdad. Morte do ditador. Rendição dos generais.
Vitória rápida dos Estados Unidos.
Como prêmio pelo baixo custo em vidas humanas, Bush e todos os que o
apóiam conquistam a opinião publica mundial, enquanto os líderes
franceses, alemães, russos, chineses, brasileiros, mexicanos, e de mais
140 países que se opuseram à guerra, pedem desculpas em todos os canais no
horário nobre de todos os países. Imediatamente depois suprime-se por
decreto imperial o direito de discordar do novo Líder Mundial, punindo-se
com a morte ou o internamento em Guantânamo a todos aqueles que forem
flagrados pensando por conta própria ou fizerem parte de organizações
terroristas do tipo Amnesty International, Médicos sem Fronteira, UNICEF,
e similares.
Preço deste quadro impressionista: 2.500 mortos iraquianos. Apenas 23
soldados americanos e 7 ingleses.
Cenário 2:
A guerra se faz cada dia mais longa. Os bombardeios promovidos pelos
Estados Unidos, usando para tal fim foguetes lançados desde distâncias
superiores a 500 km, erram os alvos previamente escolhidos por
milímetros, mas acertam em cheio nos danos colaterais, e as tropas
transportadas em helicópteros para ocupar o país sofrem pesadas baixas,
umas por mão dos soldados do Iraque, e outras por erro de identificação do
inimigo, o que fez que os aviões do gigante do Norte bombardeassem as suas
próprias tropas.
Um mês depois de iniciada, a guerra não encontra o caminho da saída. As
cerimônias militares nos cemitérios americanos não podem demorar mais do
que 7 minutos, porque a fila de espera é muito longa.
O mundo exige aos gritos o fim dos ataques. Bush, encurralado entre as
circunstâncias do acontecer no teatro de operações por um lado, e as
ameaças dos líderes de mais de 140 países pelo outro, e ainda por cima,
perigosamente encurralado pela maioria do povo americano que finalmente
acordou do estado hipnótico em que se encontrava, busca desesperado uma
forma de descer da árvore.
Finalmente, as tropas anglo-americanas retiram-se da mesma forma
vergonhosa e derrotada com que os americanos deixaram o Vietnam.
Epidemias de tifo em toda a zona do conflito. Gastroenterites
generalizadas. Fome brutal, que começa a fazer que o resultado da guerra
tivesse sido uma brincadeira de crianças.
Preço deste quadro surrealista: 175.000 iraquianos mortos, sendo 93% deles
civis, e mais da metade mulheres e crianças; 2.578 americanos e 109
ingleses que não mais assistirão à cerimônia da entrega do Oscar ou o
desfile em carruagem da rainha da Inglaterra.
Pergunta terrível e de resposta obrigatória:
Qual opção você escolhe?.... (não vale marcar X)
(22 de março/2003)
CooJornal
no 307