Bruno Kampel
PESOS E MEDIDAS
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Quem acompanha como espectador atento o desenrolar dos acontecimentos no
cenário internacional, não pode deixar de confirmar que durante mais de 50
anos os Estados Unidos, usando de um direito que os vencedores da segunda
guerra se concederam (China, União Soviética, Inglaterra, França e Estados
Unidos), vetou dezenas de resoluções no Conselho de Segurança da ONU,
sendo sempre respeitado esse direito, e portanto, o resultado da votação.
Tantas vezes o fez, mas tantas, que até ficou famosa a seguinte frase:
Votação: A favor, 14. Contra, Estados Unidos. Resultado: vitória dos
Estados Unidos por 1 a 14.
Hoje, quando o Iraque é acusado pelos Estados Unidos e a sua sucursal
européia - a antiga e poderosa Inglaterra dos livros de História - de
violar decisões do Conselho de Segurança da ONU, e portanto fazendo juz a
uma punição de muitos milhares de bombas e um par de milhões de mortos,
esses dois países declaram que se o resultado da votação lhes for adverso
- ou seja, se por exemplo um, ou dois, ou até três dos cinco membros com
direito a veto usarem essa prerrogativa - eles ignorarão o resultado da
votação e atacarão o Iraque assim mesmo.
Difícil de entender?... Traduzo: Se o mundo não aceitar a "tese"
anglo-americana segundo a qual Saddam - ao contrário do que constataram os
inspetores - incumpre as decisões da ONU, e tem enormes arsenais de armas
de destruição em massa embaixo das camas, e joga gamão com Osama Bin Laden,
e está planejando destruir o Vaticano, e já deu ordens a seus asseclas
para bombardear o Maracanã e intoxicar a todos os visitantes da
Disneyworld, e financiou aos conspiradores que mataram à Princesa Diana de
Gales, então eles, os verdadeiros paladinos do Bem, agindo em nome do Deus
dos Oleodutos e da Imperatriz do Petróleo, desrespeitarão qualquer decisão
da ONU que não se ajustar aos seus desígnios.
Pode?.... Não acredita?... Pois é... Espere e verá.
(15 de março/2003)
CooJornal
no 306