Braz Chediak
UMA VIAGEM DE LEVEZA |
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Ítalo Calvino dizia que o século XXI seria o século da leveza. Esperei por
ela – a leveza -, imaginando um mundo mais tranquilo onde, vencido o medo,
tendo nos livrado do peso da ignorância e da miséria, viveríamos uma vida
melhor nessa que é nossa grande e generosa mãe, a terra.
Abro um
parêntese para falar que nós, velhos artistas, sentimos imensa ternura pelo
mundo, pois temos consciência que a estação do desembarque se aproxima e o
deixaremos para trás, para sempre.
Feita a observação, fecho o
parêntese e volto à “leveza”, mas constato que estamos cada vez mais
solitários. Estamos sofrendo a Solidão Virtual, diferente da Solidão
Cósmica inerente a tudo que é finito, que nos leva à meditação, à busca, ao
encontro. E esta nova solidão virtual, absurda, não-criativa, nos conduz
ao nada.
Todos sabemos que, apertando uma tecla, podemos visitar
igrejas, templos, sinagogas, mesquitas... podemos visitar continentes, países,
cidades, pessoas... Podemos tudo mas... nos sentimos só. Percebemos que o
Artista está sempre só. Teria Ítalo Calvino se enganado quanto a nós?
Não sei. As vezes penso que sim, já que atravessamos momentos pesados, de
caos. Às vezes penso que não, pois essa imensa nave onde moramos, caminha
"sem pressa e sem pausa", nos levando ao infinito, nos levando ao encontro do
Grande OM. à Grande Luz.
Braz Chediak,
cineasta e escritor
Três Corações, MG
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