16/04/2019
Ano 22 - Número 1.121





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BRAZ CHEDIAK 



 

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Braz Chediak



UMA VIAGEM DE LEVEZA


Ítalo Calvino dizia que o século XXI seria o século da leveza. Esperei por ela – a leveza -, imaginando um mundo mais tranquilo onde, vencido o medo, tendo nos livrado do peso da ignorância e da miséria, viveríamos uma vida melhor nessa que é nossa grande e generosa mãe, a terra.

Abro um parêntese para falar que nós, velhos artistas, sentimos imensa ternura pelo mundo, pois temos consciência que a estação do desembarque se aproxima e o deixaremos para trás, para sempre.

Feita a observação, fecho o parêntese e volto à “leveza”, mas constato que estamos cada vez mais solitários.
Estamos sofrendo a Solidão Virtual, diferente da Solidão Cósmica inerente a tudo que é finito, que nos leva à meditação, à busca, ao encontro.
E esta nova solidão virtual, absurda, não-criativa, nos conduz ao nada.

Todos sabemos que, apertando uma tecla, podemos visitar igrejas, templos, sinagogas, mesquitas... podemos visitar continentes, países, cidades, pessoas... Podemos tudo mas... nos sentimos só.
Percebemos que o Artista está sempre só.
Teria Ítalo Calvino se enganado quanto a nós?
Não sei.
As vezes penso que sim, já que atravessamos momentos pesados, de caos.
Às vezes penso que não, pois essa imensa nave onde moramos, caminha "sem pressa e sem pausa", nos levando ao infinito, nos levando ao encontro do Grande OM.
à Grande Luz.

- Comentários sobre o texto  podem ser enviados, diretamente, ao autor:  brazchediak@gmail.com


Braz Chediak,
cineasta e escritor
Três Corações, MG


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