Braz Chediak
O AMOR SE CHAMA MANUEL |
|
Li, hoje, um artigo na internet “ensinando” como se faz para esquecer
um amor, como se isto fosse possível. Como se os amores – todos os amores -
não nos tivessem ajudado a construir ou compreender, mesmo que de maneira
fragmentada, nossas vidas! Sei que estamos vivendo num mundo onde tudo é
efêmero. Como disse Zygmunt Bauman, “o amor é mais falado do que vivido e
por isso vivemos um tempo de secreta angústia”. Mas, se viver sem amor nos
causa angústia, como será viver sem suas lembranças, sem ter, nos momentos de
devaneios, uma voz, a textura de uma pele, um sussurro... para recordar?
Não sei. Nunca me esqueci de nenhum amor.
Quero continuar a crônica,
mas está muito frio. Começa a chover e daqui do computador sinto o gostoso
cheiro de terra molhada. E penso: amor é cheiro... E me dá uma baita
vontade de prestar uma homenagem ao nosso amado Manoel Bandeira e seu
“Poemeto Erótico”:
“Teu corpo claro e perfeito, – Teu corpo de
maravilha, Quero possuí-lo no leito Estreito da redondilha...
Teu
corpo é tudo o que cheira... Rosa... flor de laranjeira... Teu corpo,
branco e macio, É como um véu de noivado...
Teu corpo é pomo
doirado... Rosal queimado do estio, Desfalecido em perfume... Teu
corpo é a brasa do lume...
Teu corpo é chama e flameja Como à tarde
os horizontes... É puro como nas fontes A água clara que serpeja,
Quem em antigas se derrama... Volúpia da água e da chama... A todo o
momento o vejo... Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu
desejo... Teu corpo é tudo o que brilha, Teu corpo é tudo o que
cheira... Rosa, flor de laranjeira...”
E QUE ESTA HOMENAGEM SEJA
TAMBÉM PARA TODOS, HOMENS E MULHERES, QUE NUNCA ESQUECERAM O AMOR. OS AMORES.
Braz Chediak,
cineasta e escritor
Três Corações, MG
Direitos Reservados É proibida
a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou
impresso, sem autorização do autor.
|