16/06/2018
Ano 21 - Número 1081




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BRAZ CHEDIAK 



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Braz Chediak



TUDO CONTINUA, COMO TUDO COMEÇOU



Às vezes bate uma baita vontade de conversar com meu filho e, agora e principalmente, com meu neto.

Teclo (ou aperto?) o Whatsapp e, quando tenho sorte, quando ele (meu neto) não foge para algo mais interessante que falar com um velho ranzinza, pergunto se ele está bem.

A resposta é, sempre, “sim”.

Pergunto quando é que ele virá me visitar e ele responde com outra pergunta: “Vovô, aí tem brinquedos?”.

Respondo que tem o Fusca (um pequenino e humilde Fusca que comprei na feira e que ela gosta – tem fixação em fuscas).

Ele sai de quadro (não vejo a imagem) mas ouço sua voz: “Papai, vamos na casa do vovô?”

Ele volta à imagem com um sorriso bonito, de criança, e me joga um desajeitado beijo.

Meu neto fez, há poucos dias, 3 anos.

Eu tenho 76.

Mas, no infinito, tudo se liga.

Não importa a idade, não importa o tempo.

O que importa é o afeto, a ternura, o amor.

É brincar - nas noites de insônia - que passeamos num belo e mágico Fusca, nós dois da mesma idade, descobrindo a vida.

A encantada vida que é cheia de buracos, mas na qual um neto nos dá a mão para subir e ver que o Rio Verde ainda corre em frente à varanda, que as árvores estão lá, que os pássaros cantam, que o céu é azul.

Que tudo continua, como quando tudo começou.

E é bom!

- Comentários sobre o texto  podem ser enviados, diretamente, ao autor:  brazchediak@gmail.com


Braz Chediak,
cineasta e escritor
Três Corações, MG


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