Braz Chediak
TUDO CONTINUA, COMO TUDO COMEÇOU |
|
Às vezes bate uma baita vontade de conversar com meu filho e, agora e
principalmente, com meu neto.
Teclo (ou aperto?) o Whatsapp e, quando
tenho sorte, quando ele (meu neto) não foge para algo mais interessante que
falar com um velho ranzinza, pergunto se ele está bem.
A resposta é,
sempre, “sim”.
Pergunto quando é que ele virá me visitar e ele
responde com outra pergunta: “Vovô, aí tem brinquedos?”.
Respondo que
tem o Fusca (um pequenino e humilde Fusca que comprei na feira e que ela gosta
– tem fixação em fuscas).
Ele sai de quadro (não vejo a imagem) mas
ouço sua voz: “Papai, vamos na casa do vovô?”
Ele volta à imagem com um
sorriso bonito, de criança, e me joga um desajeitado beijo.
Meu neto
fez, há poucos dias, 3 anos.
Eu tenho 76.
Mas, no infinito,
tudo se liga.
Não importa a idade, não importa o tempo.
O que
importa é o afeto, a ternura, o amor.
É brincar - nas noites de insônia
- que passeamos num belo e mágico Fusca, nós dois da mesma idade, descobrindo
a vida.
A encantada vida que é cheia de buracos, mas na qual um neto
nos dá a mão para subir e ver que o Rio Verde ainda corre em frente à varanda,
que as árvores estão lá, que os pássaros cantam, que o céu é azul.
Que
tudo continua, como quando tudo começou.
E é bom!
Braz Chediak,
cineasta e escritor
Três Corações, MG
Direitos Reservados É proibida
a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou
impresso, sem autorização do autor.
|