Braz Chediak
UNINCOR E O CIGARRO |
|
O cigarro é um canudinho branco com uma brasa numa ponta e um idiota na outra.
Mas, mesmo assim ele é consumido em grande escala no Brasil e no
mundo, especialmente entre as classes mais pobres que vivem nos países mais
atrasados.
Mas é consumido também na classe dita alta na forma de
cachimbos, charutos, etc. E aqui vale dizer que um, apenas um Gurkha Black
Dragon custa $ 1.150 isto mesmo: mil cento e cinquenta dólares. Ou seja, se
você fumar apenas um deles por dia, gastará mais de R$ 100.000,00 (cem mil
reais) por mês para conseguir um câncer em alguns anos. Coisa de Gangster, ou
milionário, o que vem a dar no mesmo.
Aqui abro um parêntese para dizer
que, quando jovem, fui estudar na Europa e vi que a maioria dos intelectuais
curtiam um cachimbo. Não deu outra, deixei o nosso velho Roliúde brasileiro e
comprei um belíssimo cachimbo que, confesso, me deu mais charme que as roupas
largas e desleixadas, símbolo de uma juventude existencialista que vagava
pelas praças e bares baratos de quase todas as capitais europeias.
O
cachimbo, descobri rapidamente, me tornava atraente para as jovens artistas de
então: (“Que chique, tão jovem, leitor de Sartre e Camus, discute os filmes de
Godard e, ainda por cima, fumando cachimbo...”), exclamavam.
Fecho o
parêntese e explico o parágrafo anterior: naquela época era charmoso gostar
desses franceses, cultuados em todo o mundo, e grande parte da juventude
andava com um de seus livros embaixo do braço, criando uma verdadeira Cultura
de Axila.
Também era charmoso sentirmo-nos como um Humphrey Bogart
dando uma grande baforada e falando, triste, “Play it again, Sam”, curtindo a
fossa de ter perdido Ingrid Bergman para o revolucionário herói de Casablanca,
ou nos apaixonarmos por uma Audrey Hepburn que, com imensa piteira em
Bonequinha de Luxo, fazia poses de rica no Tiffany’s antes de chorar sozinha
sua miséria.
Mas estou me afastando do cerne da crônica: os malefícios
do cigarro. Portanto peço desculpas aos meus 4 ou 5 leitores e volto ao
assunto.
Apesar de um crescente declínio entre nós (o consumo do
cigarro caiu 20,5% nos últimos 5 anos), ainda temos mais de 20.000.000, isto
mesmo, mais de vinte milhões de fumantes no Brasil.
Por isto, foi com
alegria que ouvi no programa Cidade em Revista a entrevista do professor
Carlos José de Carvalho Neto, coordenador do curso de direito da UNINCOR, que
vem fazendo um bom trabalho de combate ao fumo.
Iniciativas como esta
merecem todo nosso respeito e apoio, pois, ainda que comprovadamente o cigarro
causa enormes danos aos usuários, é consumido e vendido em escala muito alta
para um País onde a saúde capenga, os hospitais estão sucateados, o Ministério
da Saúde perdendo uma parte substancial de sua verba, etc., etc.
Por
isto louvo a atitude do Professor e da UNINCOR. Se o setor público federal
sempre negligenciou, brincou com nossa saúde, o setor privado pode nos ajudar
a suprir esta lacuna perversa.
Precisamos dele para nos socorrer e
despertar em nossos jovens a consciência do “Mens Sana in Corpore Sano” (mente
sã em corpo são).
Vivemos num país livre, quem quiser fumar que fume.
Mas não devemos esquecer do quadro dantesco que é ver um ou uma paciente,
magro(a), respirando por aparelhos e sofrendo com um enfisema ou câncer
pulmonar.
É triste. Muito triste.
Por isto aplaudo a UNINCOR e
o Professor Carlos José de Carvalho Neto. Que ele tenha sucesso em sua
empreitada. E que todos nós, que lidamos com os jovens, tenhamos a boa vontade
de contribuir com ele.
(01 de junho, 2015)
CooJornal nº 938
Braz Chediak,
cineasta e escritor
Três Corações, MG
Direitos Reservados É proibida
a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou
impresso, sem autorização do autor.
|