03/10/2008
Ano 12 - Número 601


ARQUIVO
BRAZ CHEDIAK

 

 

Braz Chediak



MÚSICA BRASILEIRA: LIVROS


 

Borges dizia que, para ele, o paraíso era uma imensa biblioteca. De fato, seria maravilhoso passar a eternidade ao lado de milhões de livros, já que o tempo ou o barulho da cidade não seria problema e poderíamos nos esbaldar nas obras que, aqui na terra, não encontramos mais.

O livro é uma espécie de fetiche, um vício, um orgasmo. Ele tem forma, cor, cheiro, possui uma beleza indescritível e exerce atração semelhante à da cascavel quando quer apanhar uma pequena presa. Mas é uma boa cascavel, com guizos encantatórios, mágicos, que provoca sonhos e nos conduz a viagens maravilhosas.

Monteiro Lobato dizia que “um país se faz com homens e livros” e Caetano Veloso faz-lhe uma bela música: LIVRO, cuja letra que transcrevo abaixo.

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livro de lançarmo-nos)
Ou o que é muito pior por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.”

Grande mestre Caetano que inclui entre suas sabedorias o amor a este que “é o que pode lançar mundos no mundo”.

Mas por que estou escrevendo esta crônica? Simples: sendo um leitor voraz é natural meu amor, quase orgástico, pelos livros. Sou rato de livraria. Sou traça. Sou um viciado nas palavras e, onde quer que esteja, a primeira coisa que procuro é uma livraria, um sebo, uma banca.

Às vezes encontro o que quero, às vezes não, principalmente quando o livro é de ou sobre música. Poucas são as livrarias brasileiras que têm um lugar reservado para eles. São mais difíceis de encontrar que os clássicos antigos, os de poesia, os de folclore mas, finalmente, encontrei um Site especializado neste gênero: www.lojampb.com.br 

É um site, como o nome indica, dedicado à nossa música e lá encontramos Songbooks de quase todos nossos grandes compositores, além de métodos de ensino, harmonia e prática da bossa nova, os segredos do violão de 7 cordas (teoria e prática), métodos para piano, para violão, etc., etc. Enfim, uma infinidade de livros essenciais para qualquer um que queira aprender ou saber mais sobre nossa música.

Bendito Site www.lojampb.com.br. E por encontrá-lo repito com outro baiano genial, Castro Alves: “Bendito o que semeia livros/livros à mão cheia/e manda o povo pensar!/ O livro caindo n’alma/é germe que faz a palma./É chuva que faz o mar”.

 


 
(03 de outubro/2008)
CooJornal no 601


Braz Chediak,
cineasta e escritor
Três Corações, MG
brazchediak@gmail.com 

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