19/09/2008
Ano 12 - Número 599


ARQUIVO
BRAZ CHEDIAK

 

 

Braz Chediak



A BOA TERRA


 

Durante muito tempo a intervenção humana tem causado danos à natureza. Alguns dizem que ela começou com a era industrial, mas, se recuarmos no tempo, seguindo os passos dos teólogos, chegaremos ao Gênesis, 1-28 onde está escrito que Deus nos abençoou e ordenou: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a...” Isto mesmo: “sujeitai-a”, isto é, intervenham sobre a terra.

Muitos, por ignorância ou malandragem, deturparam as palavras do Criador, substituíram “sujeitar” por “destruir” e destruíram-na com fogo, cultivo errado, espécimes erradas, etc., etc. Árvores que nunca deveriam ter saído da floresta foram plantadas em ruas, praças, avenidas. Mudaram a vida de lugar. Durante muito tempo o pensamento dominante parecia ser “derrubem a floresta e plantem um jardim”. E as florestas foram derrubadas enquanto cultivávamos rosas ou trevos-de-quatro-folhas.

Os brasileiros, pobres em pesquisas, foram surpreendidos com a chegada do eucalipto de maneira avassaladora. Hoje, quem viaja de ônibus para o Rio de Janeiro, por exemplo, pode ver que a Serra da Mantiqueira se tornou um imenso “deserto verde”, um deserto de eucaliptos. O mesmo aconteceu com grande parte do serrado e está acontecendo, neste exato momento, em nossa pequena cidade onde grupos poderosos investem pesado na plantação desta árvore para extração da celulose ou, talvez, de carvão. Quem passar pelos lados de São Tomé das Letras, São Bento Abade ou Carrancas pode constatar isto. Em pouco tempo nosso Sul de Minas, de solo fértil, rico em água, será um deserto e, consequentemente, uma terra de misérias, ainda que os “especialistas” nos apresentem “estudos sérios e profundos” negando o fato.

Aqui abro um parêntese para dizer que, como em todas as coisas, existe o lado positivo: Se for plantado em áreas degradadas, já desérticas, de maneira planejada, o eucalipto pode servir para evitar o corte de árvores nativas, já que o desenvolvimento é um fato, uma necessidade, e não pode parar. Mas sabendo como as leis brasileiras são cumpridas, conhecendo o Ser Humano, ficamos arrepiados.

Fecho o parêntese e chamo a atenção para outra realidade: enquanto estes grupos visam o lucro rápido e destrutivo, aqui mesmo em nossa cidade empresários modernos pensam o futuro, arregaçam as mangas e remexem o solo para nele introduzirem as sementes de um Brasil melhor, que ouvirá a terra e a transformará com respeito e dignidade.

Este é o caso da Total Alimentos, que neste ano da graça de 2008 fez do Respeito à Natureza, da Participação Social e da Ética, o tríptico de suas metas e ações.

Como nosso espaço é curto, vamos falar apenas de uma delas. Uma ação. Uma boa ação: a plantação, no Distrito Industrial Tricordiano, de aproximadamente 200.000, isto mesmo, duzentos mil metros quadrados de Mata Atlântica.

Hosana! Hosana! Num momento em que está sendo dizimada em todo o país, existe entre nós uma defensora e, principalmente, uma batalhadora pela preservação da Mata Atlântica, nossa tão querida e importante Mata Atlântica, patrimônio da vida.

Sabemos que reflorestar com árvores nativas é recriar a harmonia da terra. E a terra precisa de harmonia para sobreviver. Sabemos que “Ambientes humanizados dão-nos confiança porque a Natureza foi reduzida à escala humana; mas o selvagem, seja em que forma for, nos força a uma comparação entre nós e o Cosmo. Isto nos faz sentir quão insignificantes somos como criaturas biológicas e nos convida a uma libertação do cotidiano para dentro do domínio da eternidade e do infinito”.

Como disse lá no alto, meu espaço é pequeno e, como iniciei citando o Gênesis, termino citando Mateus e a Parábola do Semeador: “O que foi semeado em boa terra é o que escuta e compreende a palavra, e dá o fruto...”. Que belo exemplo este da Total. Mais uma vez ela nos ensina que “é preferível acender uma vela que maldizer a escuridão”. E, mais que uma vela, acende a luz que, tenho certeza, iluminará outras cabeças e esparramará as sementes da salvação da flora ameaçada e o retorno de uma fauna desaparecida.

A Total Alimentos semeia em boa terra, escuta seus gritos, seus cantos, e transforma milhares de sonhos em ações. Que Deus, o Bom Semeador, abençoe estas ações e que elas sejam seguidas por todas as Empresas que estão nesta nossa pequenina cidade chamada Três Corações. Carpe Diem.


 
(19 de setembro/2008)
CooJornal no 599


Braz Chediak,
cineasta e escritor
Três Corações, MG
brazchediak@gmail.com 

Direitos Reservados