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A Eletrocardiografia e outros assuntos

Dr. Pedro Franco
Conto que vim para a Medicina, quando, estando em
dúvidas sobre a profissão a ser adotada para fazer vestibular, meu coração
balançava entre a Engenharia e o Direito. Eis que sou apresentado pelo primo
Professor Jayme Ribeiro da Graça aos princípios da Eletrocardiografia. Ele
riscava o chão de Barão de Javari com um graveto e mostrava como vetores
compunham o exame. Obrigado primo, que me abriu as portas da Medicina, via
eletrocardiografia.
E o eletrocardiograma foi inventado em 1901 por
Willen Einthoven, javanês de origem holandesa, que ganhou pelo invento o Prêmio
Nobel de Medicina em 1924. O que se segue é retirado de seu discurso no
recebimento do prêmio sueco. “Um novo capítulo se abria no aprendizado das
doenças do coração, não por obra de um homem só, mas pelo trabalho conjugado de
muitos homens de talento, que espalhados pelo mundo e sem respeitar fronteiras
políticas, convergiam seus esforços para um propósito comum, aumentar nosso
conhecimento das doenças, para alívio da humanidade sofredora”.
Inteiramente de acordo com Einthoven. William Osler, comentando inventos,
apregoava que seus autores costumavam ser anões, trepados em costas de gigantes.
A concepção me parece justa e contra soberbas. Napoleão, que a História aponta
apenas como guerreiro, era homem de ótimas tiradas. E vide o Código de Napoleão.
Ao assumir o Governo Francês, disse que era solidário com seus antecessores e
desde Hugo Capeto. Outra tirada genial do Bonaparte. Apresentavam-lhe um General
e ele perguntava, Tem sorte? No âmago talvez estivesse de acordo com
Shakespeare. “Entre o céu e a terra há muita coisa que a nossa vã filosofia
desconhece.” E voltando ao invento de Einthoven. Katz pontifica e vale até hoje:
A eletrocardiografia é o supremo tribunal das arritmias cardíacas. E continua
sendo.
Pedro Franco é médico cardiologista
RJ pdaf35@gmail.com
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Direção e Editoria
Irene Serra
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