01/10/2024
Ano 27
Semana 1.385

 




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Conversa

com o paciente

 

 


 

A Eletrocardiografia e outros assuntos


Dr. Pedro Franco


Conto que vim para a Medicina, quando, estando em dúvidas sobre a profissão a ser adotada para fazer vestibular, meu coração balançava entre a Engenharia e o Direito. Eis que sou apresentado pelo primo Professor Jayme Ribeiro da Graça aos princípios da Eletrocardiografia. Ele riscava o chão de Barão de Javari com um graveto e mostrava como vetores compunham o exame. Obrigado primo, que me abriu as portas da Medicina, via eletrocardiografia.

E o eletrocardiograma foi inventado em 1901 por Willen Einthoven, javanês de origem holandesa, que ganhou pelo invento o Prêmio Nobel de Medicina em 1924. O que se segue é retirado de seu discurso no recebimento do prêmio sueco. “Um novo capítulo se abria no aprendizado das doenças do coração, não por obra de um homem só, mas pelo trabalho conjugado de muitos homens de talento, que espalhados pelo mundo e sem respeitar fronteiras políticas, convergiam seus esforços para um propósito comum, aumentar nosso conhecimento das doenças, para alívio da humanidade sofredora”.

Inteiramente de acordo com Einthoven. William Osler, comentando inventos, apregoava que seus autores costumavam ser anões, trepados em costas de gigantes. A concepção me parece justa e contra soberbas. Napoleão, que a História aponta apenas como guerreiro, era homem de ótimas tiradas. E vide o Código de Napoleão. Ao assumir o Governo Francês, disse que era solidário com seus antecessores e desde Hugo Capeto. Outra tirada genial do Bonaparte. Apresentavam-lhe um General e ele perguntava, Tem sorte? No âmago talvez estivesse de acordo com Shakespeare. “Entre o céu e a terra há muita coisa que a nossa vã filosofia desconhece.” E voltando ao invento de Einthoven. Katz pontifica e vale até hoje: A eletrocardiografia é o supremo tribunal das arritmias cardíacas. E continua sendo.

Pedro Franco é médico cardiologista
RJ
pdaf35@gmail.com

 

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Direção e Editoria
Irene Serra