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Repercussões e separações

Dr. Pedro Franco
Na Conversa com o Paciente, coluna que me dá grande prazer escrever,
tenho assuntos que volta e meia aparecem. E são repetidos no dia a dia do
consultório e já são 65 anos prescrevendo medicamentos. E confesso ainda com
prazer, apesar da sobrecarga emocional que um consultório condiciona. Ser médico
não é ser um robô, que passa receitas, ainda que às vezes possa parecer. E se
falei em repercussões, vou a assunto que pacientes trazem e que repercutem vida
afora. Separações de pais. Alguém da família se separou?. Infelizmente sim, só
que souberam preservar a prole e de coração os parabenizo. Quando pais se
separam e sei, pergunta logo me ocorre. Tem filho, ou filhos? Não. Passemos
então ao quando dizem têm. Separações são ruins; e péssimas, se há filhos de
permeio. Se alguém mais está envolvido e médico pode estar, deve ter lema.
Procure, pai ou mãe, preservar o filho de qualquer escaramuça. É difícil? É, só
que a ação é absolutamente necessária/ Nunca tente jogar o filho contra o outro
cônjuge, se este filho está em tenra idade. E mesmo se já é adulto. Crianças não
sabem dividir lealdades e então sofrem, mesmo quando os pais têm juízo e
preservam filhos. Alguns implicados, ao lerem o trecho, pensarão, é fácil ficar
na poltrona, falando sobre problemas sem solução. Queria ver o escriba casar-se
com fulano, ou fulana e depois vir com esta arenga. De fato há pessoas difíceis
nas separações. Só que é necessário, por amor ao filho, ser prudente e, o quanto
possível, retirar filhos de controvérsias. Nunca tente que uma criança em tenra
idade, posicione-se inteiramente ao lado de um dos litigantes. Tente, se tem bom
senso, que o filho fique longe de torpes julgamentos, enfim ter apenas um lado,
quando já teve dois. O pai ou mãe, que consegue escorraçar o cônjuge perante o
filho, verá que conseguiu uma vitória de Pirro e por preço emocional muito alto.
E quando não só pai e mãe entram na guerrilha, ainda fica pior. Avós tomam
lanças e atacam o não familiar e com denodo, tentando carregar a criança contra
o pai não parente. E vejo filho, depois de sofrer em separações, procurar
permanentemente os divãs psiquiátricos. E mesmo quando os pais tiveram a
sanidade de tentar deixar filhos fora das agruras de uma separação, o rebento
sofre. Ter filhos é talvez o maior problema que um ser tenha, pois a saúde do
concepto depende também da habilidade afetuosa dos pais. Pensem bem antes de
casar, juntar e muito mais, hesitem, se houver possiblidade de filhos.
Pedro Franco é médico cardiologista
RJ pdaf35@gmail.com
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Direção e Editoria
Irene Serra
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