16/07/2024
Ano 27
Semana 1.375

 




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Conversa

com o paciente



 

 


 

Repercussões e separações


Dr. Pedro Franco


Na Conversa com o Paciente, coluna que me dá grande prazer escrever, tenho assuntos que volta e meia aparecem. E são repetidos no dia a dia do consultório e já são 65 anos prescrevendo medicamentos. E confesso ainda com prazer, apesar da sobrecarga emocional que um consultório condiciona. Ser médico não é ser um robô, que passa receitas, ainda que às vezes possa parecer. E se falei em repercussões, vou a assunto que pacientes trazem e que repercutem vida afora. Separações de pais. Alguém da família se separou?. Infelizmente sim, só que souberam preservar a prole e de coração os parabenizo. Quando pais se separam e sei, pergunta logo me ocorre. Tem filho, ou filhos? Não. Passemos então ao quando dizem têm. Separações são ruins; e péssimas, se há filhos de permeio. Se alguém mais está envolvido e médico pode estar, deve ter lema. Procure, pai ou mãe, preservar o filho de qualquer escaramuça. É difícil? É, só que a ação é absolutamente necessária/ Nunca tente jogar o filho contra o outro cônjuge, se este filho está em tenra idade. E mesmo se já é adulto. Crianças não sabem dividir lealdades e então sofrem, mesmo quando os pais têm juízo e preservam filhos. Alguns implicados, ao lerem o trecho, pensarão, é fácil ficar na poltrona, falando sobre problemas sem solução. Queria ver o escriba casar-se com fulano, ou fulana e depois vir com esta arenga. De fato há pessoas difíceis nas separações. Só que é necessário, por amor ao filho, ser prudente e, o quanto possível, retirar filhos de controvérsias. Nunca tente que uma criança em tenra idade, posicione-se inteiramente ao lado de um dos litigantes. Tente, se tem bom senso, que o filho fique longe de torpes julgamentos, enfim ter apenas um lado, quando já teve dois. O pai ou mãe, que consegue escorraçar o cônjuge perante o filho, verá que conseguiu uma vitória de Pirro e por preço emocional muito alto. E quando não só pai e mãe entram na guerrilha, ainda fica pior. Avós tomam lanças e atacam o não familiar e com denodo, tentando carregar a criança contra o pai não parente. E vejo filho, depois de sofrer em separações, procurar permanentemente os divãs psiquiátricos. E mesmo quando os pais tiveram a sanidade de tentar deixar filhos fora das agruras de uma separação, o rebento sofre. Ter filhos é talvez o maior problema que um ser tenha, pois a saúde do concepto depende também da habilidade afetuosa dos pais. Pensem bem antes de casar, juntar e muito mais, hesitem, se houver possiblidade de filhos.


Pedro Franco é médico cardiologista
RJ
pdaf35@gmail.com

 

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Direção e Editoria
Irene Serra