A Medicina – encantos e desencantos

Dr. Pedro Franco

Em consultórios há duas cadeiras importantes. A do paciente e a do médico. A ordem de valor é esta. Mais importante é o paciente e esta deve ser a visão do médico. E a profissão tem em curto tempo avançado como ciência. Em relação hmana, após mais de sessenta anos de militância na profissão e a abordando de vários ângulos, sendo professor, diretor de serviços e hospital, médico de consultório e até hoje, parece-me que posso dar o testemunho da evolução da ciência médica. Vou dar exemplo prático. Como foi advento notável a invenção do ecocardiograma. Como aprendemos Cardiologia com este exame! Como era possível fazer Cardiolgia sem o ecocardiograma com doppler colorido? Osler pregava que os vitoriosos eram anões trepados em ombros de gigantes, os antecessores. Politicamente correto, será que tem coragem de ofender Osler por julgar-se anão? Então como a técnica médica evoluiu? A Conversa com o paciente não está aqui para demagogias, ou douração de pílulas. Em ciência evoluímos; em contatos, tempos de consultas, em geral, involuímos, lamentavelmente, muito lamentavelmente. Às vezes me parece que o médico é um preparado robô de curas. É máquina de tratar. Mas trata bem? Pode ser que sim e em maioria das vezes não. E o que falta então? O calor humano, a relação entre paciente e médico, o afeto e como pacientes não são ainda robôs, têm dúvidas, aflições, sentimentos e a diferença entre a doença e a cura pode depender de fatores não técnicos, o consolo humano, o interesse médico, o contato fraterno. Podem ocorrer em consulta de dez minutos? Não. Em dez minutos nem ciência médica se faz. E como conseguir tempo de consulta cabível? É problema social, educacional, financeiro e as dificuldades ocorrem em todo o mundo e até em países mais evoluídos financeiramente que o Brasil. Se tenho solução? Quem dera... Continuo anão falante em ombros de gigantes e que tinham mais tempos...    

Pedro Franco é médico cardiologista
RJ
pdaf35@gmail.com

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Irene Serra