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Encaixes e um não ao encaixe

Dr. Pedro Franco
Não sou a favor de encaixes em consultas.
Fazendo o eletrocardiograma, marco consultas de quarenta minutos, para atender
com calma e sem correrias. Atrasos devem ser exceções e são aceitos, até por dez
minutos depois do horário marcado e confirmado pela atendente na véspera. Há
regras e que sejam usadas com bom senso. Quando absolutamente necessário, atendo
depois da última consulta. E há pacientes que não se lembram de marcar, fazem
questão de falar comigo e pedem a exceção, na maioria das vezes imotivada e
então se cria um incômodo bilateral. E há paciente, filho de amigo, que se trata
comigo, é displicente e de repente quer ser atendido e na hora. Chama-se
Alexandre. Expliquei-me detalhadamente meu sistema e, se quisesse continuar,
sendo meu cliente, que se adaptasse. E eis que o Alexandre me telefona e avisa,
quero que me atenda hoje. Só atendo com hora marcada, você sabe. E continuei
atendendo paciente, que estava passando mal. Dias depois o Alexandre aparece com
consulta marcada, toco no telefonema de dias anteriores e ele nega que tenha
telefonado. Não marca hora, mas não é mentiroso. Fui casado até primeiro de
março e por 66 anos. E no jantar contei a confusão Alexandre à Maria Helena, que
matou a charada. Quem lhe telefonou foi o Dr. Alexandre. Fora meu aluno, era
muito bom profissional e já me atendera e a várias pessoas da família e de forma
muito gentil e exitosa. Parei o jantar e lhe telefonei. Não estava em casa e a
esposa, que viria a ser minha cliente, contou que de fato o Alexandre me ligara,
que ficara tão amolado, que nem procurara outro colega, estava decepcionado e
preocupado com sua saúde. Era uma sexta-feira e meu amigo Alexandre depois me
telefonou, entendeu a confusão e no sábado de manhã abri o consultório
especialmente e o atendi. Por que trago essa história ao Conversa com o
paciente? Para falar de não encaixes, mostrar como imbróglios acontecem e até
mal entendidos podem ser sanados, se há boa vontade e bom senso. Que pacientes e
médicos tenham bom senso e todos tenham a finalidade de lutar pela saúde e com
todo interesse possível e com tempo de atendimento. E sem encaixes.
Pedro Franco é médico cardiologista
RJ pdaf35@gmail.com
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Direção e Editoria
Irene Serra
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