01/05/2024
Ano 27
Semana 1.365

 




Arquivo

Conversa

com o paciente



 

 


 

Encaixes e um não ao encaixe


Dr. Pedro Franco


Não sou a favor de encaixes em consultas. Fazendo o eletrocardiograma, marco consultas de quarenta minutos, para atender com calma e sem correrias. Atrasos devem ser exceções e são aceitos, até por dez minutos depois do horário marcado e confirmado pela atendente na véspera. Há regras e que sejam usadas com bom senso. Quando absolutamente necessário, atendo depois da última consulta. E há pacientes que não se lembram de marcar, fazem questão de falar comigo e pedem a exceção, na maioria das vezes imotivada e então se cria um incômodo bilateral. E há paciente, filho de amigo, que se trata comigo, é displicente e de repente quer ser atendido e na hora. Chama-se Alexandre. Expliquei-me detalhadamente meu sistema e, se quisesse continuar, sendo meu cliente, que se adaptasse. E eis que o Alexandre me telefona e avisa, quero que me atenda hoje. Só atendo com hora marcada, você sabe. E continuei atendendo paciente, que estava passando mal. Dias depois o Alexandre aparece com consulta marcada, toco no telefonema de dias anteriores e ele nega que tenha telefonado. Não marca hora, mas não é mentiroso. Fui casado até primeiro de março e por 66 anos. E no jantar contei a confusão Alexandre à Maria Helena, que matou a charada. Quem lhe telefonou foi o Dr. Alexandre. Fora meu aluno, era muito bom profissional e já me atendera e a várias pessoas da família e de forma muito gentil e exitosa. Parei o jantar e lhe telefonei. Não estava em casa e a esposa, que viria a ser minha cliente, contou que de fato o Alexandre me ligara, que ficara tão amolado, que nem procurara outro colega, estava decepcionado e preocupado com sua saúde. Era uma sexta-feira e meu amigo Alexandre depois me telefonou, entendeu a confusão e no sábado de manhã abri o consultório especialmente e o atendi. Por que trago essa história ao Conversa com o paciente? Para falar de não encaixes, mostrar como imbróglios acontecem e até mal entendidos podem ser sanados, se há boa vontade e bom senso. Que pacientes e médicos tenham bom senso e todos tenham a finalidade de lutar pela saúde e com todo interesse possível e com tempo de atendimento. E sem encaixes.   


Pedro Franco é médico cardiologista
RJ
pdaf35@gmail.com

 

 __________________________

Direção e Editoria
Irene Serra