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Divórcios e congêneres

Dr. Pedro Franco
E vou falar de separações de
casais, mais comuns na atualidade do que ocorridas cinquenta anos atrás. E,
sendo cardiologista, vai entrar por campo minado e que nada tem com sua
especialidade? Separações têm a ver com qualquer especialidade. A regra é
serem semelhantes a guerras e raras, raríssimas, se não chegam à guerra, os
que se separaram, estabelecem guerrilhas e por da cá aquela palha.
Logicamente que os ex-cônjuges raramente não sofrem, ainda que, quando
acabem os percalços judiciais, alguns digam uff, livrei-me dele ou dela. Em
maioria os dois sofrem, que não se casaram para descasar. Muitas vezes o
amorômetro, que bolei, para aquilatar o amor entre duas pessoas, aparelho
inteiramente descabido e falho, porque quantificar amor é difícil e já é até
defini-lo. Só que vejo nos descasamentos um com reliqua de 93% e, outro, que
pouco sofre, com 3,7%. Se estavam em meso a meso e com marcas acima de 80%,
dificilmente vão ao divórcio, que o amor, apesar dos percalços da vida, é
forte. E no consultório encontro divorciados com sintomas novos, arritmias,
hipertensões arteriais, insônias, alterações abruptas de peso, outros
sintomas e de outras especialidades. Então antes de casar, que tal perceber
se o sentimento é firme e a vida a dois pode e merece ser vivida. Não caiam
na esparrela de confundir paixão com amor. Defina-os? Estou fora de tentar
definições, ainda que julgue que no amor caiba paixão e se possível deve
haver e ainda que amor requeira mais que momentos agudos. E já como pessoa,
quando me deparo com divórcios, quero saber se há filhos no meio do
imbróglio. Há. Filhos não pedem para nascer. Vocês dois são responsáveis
inclusive pela saúde mental deles e crianças não sabem dividir lealdades.
Nada de guerras, guerrilhas e nem ameaças. Vocês, dois cabeças de vento, têm
o dever de preservar a, ou as, crianças e de todas as formas. Virem-se. Não
são mais protagonistas, são coautores e cuja missão agora é preservar as
crianças. E não só vocês, também toda a Família e não me venham com mais
mais, isto e aquilo. Juízo, caridade, amor ao filho, demonstrado com ações e
não com desculpas. Chega de fulano fez isto, sicrana fez aquilo. E no
consultório vejo filhos de pais separados. Paro por aqui. Não se brinca com
a vida de quem nasceu por nossa causa e conta. Então sou contra
descasamentos? Brigas em casa, ambientes de atritos, são também deletérios
para as crianças. Só que o principal da separação é a criança, a saúde
física e mental da criança. A situação por si já é ruim, não a agrave.
Pedro Franco é médico cardiologista
RJ pdaf35@gmail.com
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Direção e Editoria
Irene Serra
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